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LISB-ON: O festival que mora no coração da cidade, por Miguel Fernandes

Acontece este fim de semana a segunda edição do LISB-ON #Jardim Sonoro no Parque Eduardo VII. Acontece no coração da cidade e espera 5000 pessoas diariamente para viver um conceito moderno e cosmopolita, com um cartaz que cresce e se solidifica na segunda edição com a presença de Nicolas Jaar, Todd Terje, Jazzanova e Nina Kraviz. Miguel Fernandes, diretor do festival, conversou com a APORFEST sobre um dos conceitos mais inovadores do panorama festivaleiro português sobre as ideias fundamentais e regentes deste festival.

APORFEST – Tiago Fortuna (TF): Como surgiu o conceito do LISB-ON?

Miguel Fernandes (MF): 5 pessoas, 5 experiências profissionais, o gosto por música boa e uma vontade... defazer uma festa que nos retratasse, a nós e à cidade de Lisboa.

Proporcionar uma experiencia que, por um lado se assumisse como diferente (na medida do possível) do que existia e que por outro, aproveitasse o que a cidade tem para oferecer. Por outras palavras que também servisse de convergência para o que já existia.

Ao juntarmos a isto, o hype e a luz de Lisboa, facilmente concluímos pelo dia, um jardim e em construir algo especial.

A ideia da noite, surgiu como a possibilidade de criarmos uma plataforma de divulgação, em que propomos usar todos os suportes desenhados para o LISB-ON e comunicar todas as iniciativas programadas para esse fim-de-semana, em regime pro bono.

(A): De que forma se diferencia de outros festivais que se encontram num segmento semelhante (e.g. Outjazz, Piknic)?

(MF): De forma sucinta, são 5 os vectores que nos caracterizam:

- Horário – tiramos proveito das condições naturais e fazemos do inicio da tarde (14h00) o arranque das actuações, num recinto pensado com detalhe;

- Centralidade – dispomos de um espaço – o Jardim do Parque Eduardo VII - com excelentes condições no coração de Lisboa. É fácil e rápido, chegar e regressar, seja qual for o transporte escolhido. Se assumirmos que a promoção da marca Lisboa está na génese do LISB-ON, então podemos assumir a importância da experiência acontecer num local que é um emblema da cidade (e não nos arredores)!

- Regresso à cidade / reentré – quando pensámos em datas, o desafio foi criar um espaço próprio, que não colidisse com algo já existente na cidade. Isso empurrou-nos para o início de Setembro, que ainda é Verão e é a altura em que muitos Lisboetas regressam de férias a casa. Por outro lado e graças ao facto de Lisboa ser cada vez mais uma cidade all-season, a data escolhida permite-nos a ambição de chegar a muitas pessoas que, ou ainda estão de férias ou a fazer turismo!

- Responsabilidade social – é no nosso caso mais do que um cliché. Chamámos a nós uma causa social que também é um assunto da cidade. Falo dos animais abandonados indiscriminadamente e das pessoas que se empenham seriamente e em grande parte em regime de voluntariado, para os acolher, tratar e alimentar. Apadrinhámos a causa e apoiamos expressivamente a “Casa dos Animais de Lisboa”. Este ano, para além dos apoios que temos assumidos para todas as edições, lançamos o repto a todos os que nos visitarem a fazerem um donativo, do valor que quiserem. O valor que deixarem nas pulseiras (chip porta-moedas usado como forma de pagamento dentro do recinto), será doado. Assim todos podemos contribuir.

- Associativismo - com tanta oferta, sobretudo na noite, nasceu a ideia de promover o trabalho dos players que já existem e que passam o ano a fazer de Lisboa uma excelente experiência de música, cultura e diversão. São bares, restaurantes, clubes, galerias de arte, lojas de roupa, hostels (estão todos em www.lisb-on.pt ) que designamos de “Associados" e que programam especificamente para este fim-de-semana, dando assim uma continuidade ao que acontece durante o dia. Acredito que temos todos a ganhar com esta envolvência e felizmente temos sido muito bem recebidos.

(A): A parceria com o município de Lisboa é essencial? Como construíram essa relação?

(MF): Lisboa até pode estar na moda e isso percebe-se. Tem condições únicas e francamente vantajosas, para que nos visitem. O clima, a gastronomia, a cultura, a acessibilidade, o povo afável e acolhedor, a segurança, são algumas dessas características e que há cada vez mais pessoas a reconhecê-lo, tanto dentro como fora do país.

Lisboa é uma marca muito forte, consolidada e como todas as marcas, tem na promoção uma necessidade grande para continuar a crescer e evoluir, mantendo-se atrativa.

Por outro lado, há cada vez mais a noção de que a música e os eventos de índole musical são âncora para alguns destes fluxos, entusiasmam a economia local, reforçam o crescimento e projetam a imagem de cidade moderna e cool.

Foi a partir dessa consciência, existente no município, que foi possível estabelecer esta parceria.

(A): O LISB-ON tem um projeto de comunicação impar. Como foi desenvolvido?

(MF): Obrigado pelo elogio que é para um grupo de pessoas, ímpares na qualidade individual e na dedicação a um projeto low-budget.

Em 2014, desenvolveu-se a partir de inputs que obedeceram à vontade de apresentar algo “fora da caixa”, numa atitude de desconstrução em que “menos é mais”. Escolhemos personagens que fazem parte do imaginário Lisboeta, juntámos uma pitada de non-sense e uma sonoplastia que foi igualmente pensada a partir de sons característicos de Lisboa.

Para além do reconhecimento e de um prémio, também ganhámos a noção de que a campanha era difusa e pouco esclarecedora para quem se apresentava numa primeira edição.

Foram esses aspetos que quisemos corrigir e com o expertise da Partners, este ano a opção foi sobretudo a de “passar conceito”de forma subliminar e quase informativa. Por outras palavras, mantendo a ambição original, ser mais esclarecedores sobre o que é o LISB-ON #Jardimsonoro.


(A): Na primeira edição encontramos um ambiente enriquecido pelos protagonistas da campanha de comunicação e ativações como a oferta de espetadas de fruta ao público. É uma ideia que será repetida este ano? Porque fez sentido criar esta dinâmica?

(MF):Faz sentido porque aquilo que queremos é deixar uma impressão positiva nas pessoas que nos escolhem (clientes). Isso é tanto mais possível quando encontramos parceiros que para além de entender o nosso ADN, o reforçam. As marcas querem a oportunidade de chegar de forma direta a potenciais consumidores (mercado). Os promotores querem vender bilhetes e proporcionar experiências que deixem “água na boca”. Os “clientes” querem dar o dinheiro do bilhete por bem gasto num equilíbrio entre expectativa e resultado. Isto dá-nos a ideia de que o triple-win é condição obrigatória para tudo o que fazemos, no que diz respeito a ativações.

Temos tido a sorte de manter e desenvolver uma relação próxima com marcas que entendem que a transposição de ativações feitas noutros eventos, não faz sentido no LISB-ON. Com todo o respeito por quem faz e faz bem feito. Temos um conceito, temos um público e temos objetivos, em parte comum a todos os outros eventos, mas que acreditamos ser, em alguns aspetos diferenciadores. Isso também é um exercício quando pensamos em ativar.

Este ano e não queria levantar muito o véu, entre desfazer a barba, beber um cocktail num saco de papel, ou assistir à construção de um mural acrílico, reforçamos a experiencia “ao vivo” de forma integrada com o conceito e os valores do LISB-ON.

(A): Acreditam nos benefícios do associativismo nesta indústria?

(MF): Claro que sim. A oferta é muita e com essa diversidade vêm diferentes conceitos e pontos de vista. Essa pluralidade, a mim parece-me saudável. É reflexo da vontade de conseguir vingar num mercado que em alguns aspetos parece estar perto de atingir alguma saturação.

Mas mesmo na diferença é possível encontrar pontos comuns. A vontade de fidelizar e captar clientes (nativos e turistas), a expansão ou a necessidade de segurança, as questões jurídicas e a relação intrincada com organismos públicos, são alguns deles. O associativismo é solução, porque permite uma representatividade mais forte e a ambição de atingir objetivos e benefícios comuns, para uma atividade duramente taxada e muito fiscalizada, mas muitas vezes pouco ou mal reconhecida noseu valor e no seu potencial. Existem bons exemplos que talvez permitissem uma reflexão mais séria sobre a mentalidade instalada e dos seus inconvenientes vs. o que teríamos a ganhar se existisse mais associativismo?

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