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A música trabalhada a 360º. Entrevista: Maria Manuel (responsável Mooh!)

A música segue novas tendências cada vez mais agregadas às novas tecnologias e por isso mais efémeras. As ferramentas mudam, e o modo como se trabalha, promove e comunica a música, nomeadamente os seus artistas ou ou seus eventos exige hoje formas mais profissionais e individualizadas. Fomos perceber melhor o projeto Mooh! que está a proporcionar novas soluções ao mercado português, entrevistando uma das suas responsáveis, Maria Manuel.

APORFEST: O que é a Mooh Biscates Transmedia? Maria Manuel: A MOOH! é uma Agência de Comunicação "Transmedia Storytelling" especializada na promoção de Artistas, Editoras e Eventos Musicais. É composta por mim - cujo alter-ego ou personagem é a Maria das Espadas - e pela Joana Jorge, também conhecida por Joana dos Cabelos Compridos. Somos ambas de Braga e formadas em Comunicação, com a especialização nas áreas de Cinema. Hoje em dia, aplicamos todo este amor à Música e background no cinema e Televisão e assumimos-nos como Music Storytellers; isto é, com a MOOH! nós desenhamos e implementamos estratégias de Comunicação integradas para promover todo o tipo de Produtos musicais: sejam EPs, álbuns, Singles, Campanhas de Crowdfunding, Festas, Festivais ou até mesmo Catálogos de Editoras. Pensamos cada projecto de uma perspectiva "narrativa" e começamos por Desenhar uma "História" (ou estória) para cada um deles - seja de acordo com o universo da banda, festival ou editora, seja de acordo com a temática abordada no produto em si. Depois, contamos esta história sob a forma de uma estratégia de Comunicação Criativa que contempla vários formatos e plataformas mediáticas. Trocando por miúdos, assim que a linha narrativa se encontra definida, procedemos à sua operacionalização, através de Artwork, Design, Fotogragia, Vídeo, Assessoria de Imprensa, Web Marketing, Merchandise e até Styling ou Performance live. É então um projeto 360º para a música? Precisamente! É uma espécie de "chave-na-mão" que abrange tudo o que faz parte da Comunicação de um artista ou Festival, tendo a particularidade de ser um produto pensado de uma perspectiva um pouco diferente. Aquilo que nós pretendemos com cada estratégia é mostrar o factor de diferenciação de cada um dos nossos clientes ou projectos, bem como aquilo que já é único em relação a eles e potenciar isso num conjunto de acções e produtos que são todos coerentes e complementares entre si: o design tem de ser transversal, a fotografia tem de estar em sintonia com o vídeo e permitir reflectir o universo conceptual dos projectos, os press kits e abordagem à imprensa têm de reunir todos estas dimensões e ser o mais personalizados possível. A nível de festivais o vosso projeto tem terminações no Um ao Molhe, no Rodellus e Braga Music Week. A vossa intervenção é feita de forma diferentes em cada um dos festivais?

Cada projecto é um projecto, seja banda, editora ou Festival. No caso dos Festivais, e sobretudo destes 3 exemplos com os quais já trabalhos praticamente desde a sua origem, a nossa intervenção varia um pouco consoante a fase de maturação com que o Projecto nos chega às mãos. Começando pelo caso da Braga Music Week, que é já um produto da MOOH! mesmo ao nível da curadoria e produção, o nosso trabalho vai para além da Comunicação. Efectivamente, começamos por estar apenas desse lado, o que na altura implicou dar ordem a um evento que era ainda muito disperso na cidade: dar-lhe identidade visual (logótipo e estética), lançar e gerir redes sociais, promover junto da imprensa, entre outros. No entanto, e uma vez que este Festival é fruto de um esforço dos poucos agentes culturais independentes da Cidade (dos quais fazemos parte), fomos assumindo uma função cada vez mais estrutural. Hoje em dia, continuamos a assinar os esforços de Comunicação, esperando fazer o Festival evoluir a nível de conceito a cada ano que passa, mas vestimos já também a pele de Organização. No caso do Um ao Molhe e do Rodellus, trabalhamos muito de perto com a organização de ambos, mas somos também o Parceiro de Comunicação; ou seja, funcionamos, no fundo, como a "agência" que contratam para tratar da Direção de Comunicação dos Eventos. O primeiro chegou até nós já com um conceito definido: um Festival Itinerante de One-Man-Bands com um nome, um logo e uma missão. A partir desta fase, montámos um produto comunicável: demos vida ao "cubo" (a mascote e símbolo do Festival), coordenámos o artwork e o design, interna e externamente, lançámos e gerimos redes sociais, trabalhamos a parte dos media-partners e imprensa, etc. De ano para ano, tentamos melhorar o nosso trabalho e, consequentemente, fazer o festival evoluir. Já o Rodellus, foi o nosso projecto mais completo, uma vez que foi que este chegou até nós sem qualquer tipo de factor de diferenciação, conceito ou até mesmo nome. Foi o nosso trabalho mais estrutural. Foi a MOOH! quem criou o seu lema e slogan "Festival para quem não tem medo do campo" e, a partir daí, contamos toda esta "história", desde todas as formas já referidas, até à decoração rural do próprio recinto. Qual a aceitação do vosso projeto pelos diversos agentes desta área - e.g. promotores, bookers? Existem resistências? São vistos como um novo player (concorrente) ou um facilitador? Eu espero que a MOOH! seja reconhecida de forma crescente como uma facilitadora, porque no fundo o que fazemos é quase ser "Consultoras" de Storytelling ou de conceito para os Projectos. Possuímos a estrutura para implementar as estratégias e temos vindo a aumentar o nosso volume de trabalho, o que requer a parceria com designers, fotógrafos, malta de vídeo, empresas de merchandise, agências, promotoras, etc. No entanto, e uma vez que a MOOH! é um projecto com uma definição um bocado incomum ou não tão familiar, sentimos ainda alguma, não lhe chamo propriamente resistência, mas talvez uma certa hesitação em relação à necessidade dos nossos serviços ou às possibilidades do trabalho de comunicação nestas áreas. O trabalho de promoção musical sempre foi um pouco fantasma, uma vez que não tem uma tradução tão directa como o agenciamento e o booking. Esta tendência agrava-se quando se acrescenta a isto uma linguagem ou estratégia um pouco diferente, que tem outros objectivos, como, por exemplo, pensar os projectos musicais de forma mais completa. Como vão proceder à evolução da Mooh no curto-médio prazo? Neste momento estamos a fazer algumas mudanças, tanto internas como externas. A nossa equipa está a ser reajustada, estamos a reformular e a acrescentar alguns componentes à nossa comunicação, como, por exemplo, o vídeo que consideramos ser um aliado forte de qualquer agência do nosso género; e estamos também a desenvolver produtos novos. Depois de algum tempo a trabalhar de perto com alguns artistas emergentes nacionais, como os The Sunflowers, Bed Legs, The Missing Link, Infeathers ou outros projectos mais pontuais, temo-nos vindo a aperceber que o nosso papel acaba sempre por evoluir para um patamar apenas ligado à Consultoria e mentoria. Neste sentido, começamos a desenvolver um produto novo, a que chamamos de “Transmedia Canvas”, que pretende ser uma ferramenta de apoio à construção e implementação de estratégias Transmedia music para os novos artistas. À semelhança de um Business Model Canvas, esta ferramenta foi desenhada para orientar os utilizadores na criação de estratégias 360º, criativas e coerentes. Encontramos-nos, de momento, em fase de testar o protótipo da ferramenta com alguns dos nossos artistas e esperamos lançá-la oficialmente no final deste ano. Pretendemos que a MOOH! seja reconhecida pelo maior numero de pessoas envolvidas no mercado musical e que as mesmas compreendam a importância da requisição dos nossos serviços numa sociedade e altura onde se tem vindo a evidenciar cada vez mais o "boom" da comunicação.

Qual o papel da Aporfest para o crescimento e afirmação do vosso projeto? Desde que nos tornamos associadas da APORFEST, temos vindo a sentir um maior apoio promocional, sobretudo no que diz respeito à comunicação e divulgação dos nossos clientes “Festivais”. A APORFEST tem-se revelado uma estrutura fundamental para garantir outro tipo de exposição e validação para os projectos com os quais trabalhamos. Para além destes contributos mais “de terreno”, é de salientar a importância que alguns materiais bibliográficos têm tido no nosso processo contínuo de investigação e compreensão do mercado. Por fim, não posso deixar de fora a importância que teve para nós o TALKFEST'16, no qual eu fui oradora na secção das Apresentações Científicas. Este evento não só permitiu expor o resultado da minha investigação académica em Tese de Mestrado – que corresponde ao à MOOH! e ao tal Transmedia Canvas – mas também permitiu criar condições de um networking privilegiado e que, no nosso caso, já se traduziu em parcerias muito importantes.


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