Regressam os festivais em estádios. Entrevista: Miguel Bello (Alvalade Rocks) [atualizado]
Muitos foram os eventos e festivais de música que ocorreram no interior de estádios portugueses de grande dimensão - o Super Bock Super Rock (Bessa e Belém), Super Rock in Lisbon (Alvalade), Galp Energia (Alvalade) ao Vivo ou o 24 horas Tmn (Dragão), entre muitos outros. Uma tendência que teve o seu auge nos anos 90 e que foi desaparecendo com a modernização dos estádios e ao mesmo tempo com novas ideologias dos seus promotores. A 21 de maio ocorre a primeira edição do Alvalade Rocks que ocorrerá no Estádio José de Alvalade (Lisboa) com um conjunto de artistas influente como: Mastiksoul, C4 Pedro ou Expensive Soul. Falámos com o seu responsável, Miguel Bello.
Apesar do festival ter sido cancelado, devido a limitações impostas pelo local onde o mesmo ocorreria, decidimos manter o conteúdo.
APORFEST: Acontece já daqui a menos de um mês, o Alvalade Rocks. Qual o conceito deste festival e em que se distingue do restante panorama de festivais em Portugal?
Miguel Bello: Tudo começou com a vontade unida da BRAIN em fazer um evento de estádio em Lisboa e do Sporting em trazer de volta os grandes concertos a Alvalade. Da junção destas vontades, nasce o conceito "Alvalade Rocks" que pode albergar qualquer tipo de música e evento. A palavra "rocks" permite-nos isso com uma liberdade que nos dá vontade de começar a pensar no próximo.
Este evento distingue-se dos restantes que captam a atenção do público nesta época de festivais e é de facto a junção de artistas que, de uma forma ou de outra, partilham sonoridades, influências, vivências ou origens que o tornam tão especial.
Vem para ficar o festival?
Esse é o nosso desejo.
Há quanto tempo está a ser preparado?
A ideia existe há largos meses mas apenas nas últimas semanas se colocou o projeto em prática.
Como este está a ser trabalhado na aquisição de apoios e patrocínios e consequente cativação do público?
Felizmente conseguimos captar o interesse e apoio de importantes media partners como a Tvi, Cidade Fm, Sapo e Metro que juntamente com a campanha massiva de flyers, cartazes e outdoors tornam a campanha flash de apenas um mês numa avalanche informativa.
Em 2015, aconteceu um festival com uma ideologia semelhante, o Amora Summer Fest (e também num estádio de futebol) e que teve baixa adesão do público. Ou seja, nem sempre um conceito diferenciador e de ligação a tendências resulta. Como irão precaver esse ponto?
Apostámos num cartaz de qualidade e apelativo no seu todo. Nomes atuais, muitos dos quais com lançamentos muito recentes com garantia de 10 horas de música non-stop em dois palcos lado a lado. O evento terá lugar num espaço mítico e com ligação histórica a grandes espetáculos e conforme mencionei na questão anterior, uma boa campanha promocional faz toda a diferença. Tudo isto torna o Alvalade Rocks numa solução sólida e diferenciadora dos outros eventos potencialmente "concorrentes" a acontecer nesta época do ano. Acreditamos que existe espaço para todos.
Como vêm o papel da APORFEST para os diferentes players da indústria dos festivais de música?
A dinamização, comunicação, informação, valorização e união sempre foram as bases para uma sólida ascensão de qualquer projeto cultural, comercial ou solidário. O que retenho do trabalho da APORFEST é exatamente isso. Poderia mencionar muitos aspetos mas dou apenas o exemplo de algo que numa primeira análise pode parecer pequeno e sem grande impacto mediático no nosso país, mas que no entanto é de uma relevância enorme para elevar o ânimo dos nossos artistas que por vezes sentem-se tão abandonados - estou a falar da parceria que existe para levar bandas portuguesas ao Festival Sziget na Hungria.
Estive ligado durante três anos a esse que é dos maiores festivais do Mundo e senti exatamente isso. Orgulho de fazer parte de algo grande, carregando orgulhosamente a nossa bandeira!