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Um novo começo para Vilar de Mouros. Entrevista: Luís Miguel Alves (Presidente Município Caminha)

O Festival Vilar de Mouros está de regresso em 2016, um dos festivais com maior história em Portugal e por onde passaram nomes como U2 ou Elton John nas primeiras edições. Hoje compete com mais players num mercado que em nada é igual a 1971 ou 1982, mas que não deixa de querer ser uma nova afirmação do evento, potenciado pelo Município de Caminha e por um cartaz com muitas bandas e artistas internacionais com clara agradabilidade dos portugueses. Falámos com o Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Luís Miguel Alves.

APORFEST - Vem aí mais uma edição do Festival Vilar de Mouros. O que podemos esperar e que pontos destaca?

Luís Alves: Neste regresso do Festival de Vilar de Mouros podemos esperar passado, presente e futuro. Tudo numa só edição. Passado porque se mantém a mística do decano de todos os festivais de música em Portugal, porque voltamos ao local onde já fomos felizes tantas vezes, porque regressa um grande Festival com um cartaz que honra a música, a boa música, a música que sobrevive às modas. Um festival do presente porque apela à participação de todos, quer através das propostas musicais que passam por nomes que já cá estiveram e por outros que são os mais ouvidos na rádio atualmente, quer pelos preços dos bilhetes que têm em conta as dificuldades das famílias e não excluem ninguém. E porque terá todas as comodidades, quer nos espaços de campismo ou restauração, quer pelo circuito de transporte público que fará circular as pessoas entre Vilar de Mouros e Caminha, Moledo ou Vila Praia de Âncora. De futuro porque esta edição é a primeira de todas as próximas edições, um festival que se apresenta sólido, maduro, boa onda que assume querer crescer e posicionar-se a médio prazo no contexto dos grandes festivais de música de Portugal e da Península Ibérica.


Celebram-se os 50 anos do evento, mas que não correspondem ao número de edições. O que torna místico este festival e o facto de se querer sempre renovar o mesmo?

Este festival é mítico porque as pessoas fizeram dele um mito. Este é e deve continuar a ser um festival das pessoas. Das pessoas que querem ouvir boa música, das pessoas que querem passar uns bons dias no Alto Minho a juntar cultura às praias, à paisagem e à gastronomia, das pessoas de Vilar de Mouros que recebem tão bem todos os visitantes. Foram as pessoas que fizeram este festival, a sua história, o seu legado e são as pessoas que têm que ser protagonistas do seu futuro. Este ano regressamos com um cartaz de enorme qualidade que junta monstros da música mundial num pedaço verde da nossa terra e que regressa depois de um infeliz apagão que durou tempo de mais. Este espírito fénix de um festival que sempre regressa e que quer regressar mais forte, juntamente com as histórias de milhares de encontros e desencontros que 50 anos trouxeram à vida de tanta gente, torna este festival num momento pessoal e intransmissível para muita gente.


Hoje a cultura dos festivais alterou-se. Comunica-se e divulga-se de forma diferente, o campismo tem soluções mais confortáveis. De que forma o Festival Vilar de Mouros se adapta ao novo paradigma?

Aliando a moderno ao mítico. No festival de 71 tudo foi uma loucura. Vigiados pela PIDE, milhares de jovens fizeram uma demonstração de liberdade e unidade que deixou os censores de boca aberta. Ler os relatórios da policia politica à época é um tratado sobre o valor da inteligência e do coração de um povo. Mas não havia nada, como noutras edições havia pouco. Não havia casas de banho, não havia estacionamento, na primeira edição não havia uma tenda a vender umas febras, os milheirais foram tomados pelos campistas esfomeados. Hoje sabemos e queremos dar condições às pessoas para aproveitaram ao máximo o tempo que passam no recinto. Queremos que se possa acampar com condições para descansar bem e as pessoas se divertirem. Queremos que as pessoas se possam sentar e comer com tranquilidade aproveitando o espaço edílico do recinto junto ao rio Coura. Queremos que todos possam aproveitar a praia fluvial que este ano, pela primeira vez, tem reconhecimento oficial com direito a apoio, informação e nadador salvador. Queremos que a música dos consagrados flua com qualidade para gozo de todos. E que as pessoas cheguem e partam em segurança. Por isso fazemos tudo para que todos se sintam bem e aproveitamos todos os meios, desde o contacto pessoal à televisão, passando pelas redes sociais ou os bons parceiros como a APORFEST para dar notícia da nossa vontade e entusiasmo em termos cá muitos amigos para partilhar o orgulho que temos na história e no futuro deste grande festival de música.


Como se fortifica um festival que tem interregnos e que não consegue através de edições consecutivas fidelizar o seu público. Ou seja, cada "regresso" do festival é como um novo começo, como se combate essa desvantagem?

Com muita alma e toda a inteligência que pudermos colocar ao serviço do festival. Temos a força do passado ao nosso lado, a força do nome Vilar de Mouros que é bem mais do que uma marca mercantil, é uma tatuagem de história e de histórias. Infelizmente, os festivais que se consubstanciam nas pessoas e praticamente só nas pessoas e nas suas vontades, estão dependentes de pessoas e de vontades que não entendem a força da história e o potencial de um grande Festival como este é e sempre será. Quando temos a responsabilidade e o poder de mudar o mundo, devemos começar por mudar o nosso mundo. O nosso mundo é Caminha, é Vilar de Mouros, são as gentes daqui e, desde o primeiro momento, este foi o nosso impulso: fazer regressar o enorme Festival de Vilar de Mouros de modo a poder iniciar um caminho de crescimento e sustentabilidade que lhe dê a energia e os recursos que decorrem da continuidade do projeto. A desvantagem de termos tido um Festival adormecido durante 10 anos enquanto todos os outros cresciam tem que ser combatida com esta alma de quem viveu e acredita em Vilar de Mouros muito para além de um mero encontro musical. É isso que fazemos com a consciência de que estamos, apenas, a iniciar um longo percurso de consolidação do evento.


Qual o papel que o Município de Caminha tem atualmente para este festival? O que esperar a médio prazo?

O Município de Caminha mudou de estratégia há pouco menos de 3 anos quando assumimos funções. Sempre entendemos que era imperioso fazer regressar o Festival de Vilar de Mouros e fizemos tudo o que podíamos para chegar a este dia, repito, apenas o primeiro dia de todas as edições que queremos organizar nos próximos anos. Coorganizamos o evento com a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros e todos os nossos parceiros privados que acreditam em nós, investimos financeiramente neste regresso através de um protocolo que assinamos já para seis edições e damos um apoio logístico forte mas essencial à boa prossecução deste grande momento cultural. O que esperamos é que o Festival cresça, que se aproxime do lugar que é seu por direito, que possa ser mais do que três dias de boa música e possa partilhar o seu perfume durante todo o ano como uma marca essencial do concelho de Caminha e de todo o norte de Portugal.


De que forma a Aporfest poderá ajudar no estabelecimento e firmação do festival Vilar de Mouros no panorama nacional e ibérico dos festivais de música?

Sendo nossos parceiros, voz das nossas vozes, sendo o palco dos nossos sonhos e da nossa esperança no ressurgimento em grande deste festival. Precisamos lembrar o legado mas também evidenciar o futuro risonho que temos pela frente. Precisamos da APORFEST para nos sentirmos ainda mais acompanhados, precisamos que nos ajudem a divulgar o cartaz, as condições e o local paradisíaco que temos à espera de todos. Sem parceiros podemos trabalhar, sem a APORFEST é possível trabalhar mas… não é a mesma coisa. Em Caminha estamos todos à espera de todos!


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