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Há muito para evoluir, fazer e construir na área dos festivais. Entrevista: Paulo Marchã


A APORFEST no plano estratégico para 2017 de conseguir dotar a área de mecanismos de regulação e específicos para a área dos eventos/festivais e fazer com que todos cumpram as mesmas regras a favor de uma leal competitividade tem ouvido alguns associados, destacando Paulo Marchã (um dos responsáveis da Marchand'Artes) pela sua visão interna da área e do mesmo modo, integradora e aglutinadora para a melhoria da mesma, a que advém da atuação em diferentes mercados de língua portuguesa.


APORFEST: A Marchand'Artes é uma empresa que se destaca pela sua ação em 3 pólos principais - animação turística, promoção de eventos e música - como se diferencia das demais empresas que opera nesta área?

Paulo Marchã - A Marchand´Artes é uma Marca e um Selo que se quer de referência a médio prazo. É um grupo empresarial, constituído por Empresas existentes em Portugal e Guiné Bissau, seguindo-se este ano ainda a criação da Empresa em Cabo Verde. Estas Empresas têm sempre, como sócios, profissionais jovens e não só, naturais dos países de constituição da respetiva Empresa. Ao nível de Portugal a representação no Grupo é feita pela empresa-mãe; MARCHôS.


É ponto assente e fulcral que na constituição das Empresas do grupo a equidade na representatividade em quotas, em direitos, em deveres e nas tomadas de decisões foi sempre um ponto de honra.


Assim sendo e neste sentido, a Marchand´Artes tem um valor acrescentado logo à partida, porquanto o seu Saber, é um somatório de três contribuições, de três mais valias, de três conhecimentos e de três apoios no terreno, onde em cada um destes três países, profissionais em constante qualificação e conhecedores dos meios onde se movem, além de consultores independentes, vão contribuindo num todo para que uma decisão final seja a mais justa, a mais equilibrada e mais vantajosa para a Empresa local, para o Grupo e principalmente para o Cliente e o Público final.


Convém ainda referir que as Empresas constituintes do Grupo Marchand´Artes, além de participarem ativamente na vida associativa no âmbito técnico-profissional onde se movem, deram inicio a contactos e são presença habitual em Fóruns e Encontros de âmbito empresarial na esfera da CPLP e não só, visando assim uma maior ligação ao tecido empresarial de cada país, com vista a uma maior intervenção profissional.



Quais os maiores projetos em que está envolvida?

Neste momento os maiores projetos a levar a efeito no final de 2016 e durante o ano de 2017 dividem-se em duas grandes áreas; a Organizacional e a Profissional.


Na área Organizacional é a consolidação do Grupo Marchand´Artes através de ações e tomadas de posição enquadradas na legislação de cada país, ações concretas e formais no âmbito do plano estrutural e financeiro, do plano de formação profissional e a criação da Empresa de Cabo Verde.


Na área Profissional é a admissão no presente ano de um profissional para o quadro da Empresa em Portugal e no ano 2017 de três profissionais no âmbito do Grupo Marchand´Artes. É o reforço de trabalho no âmbito do empreendedorismo na esfera da CPLP. Ativar e potenciar as sinergias e o trabalho em Rede do Grupo, encetando uma planificação anual tendo em vista a deslocação e permuta de trabalho entre os profissionais da música, das artes, da cultura e do lazer, no âmbito dos três países. Ao nível de Festivais é a concretização de um Festival / Mostra em cada país e ainda a realização de Eventos objetivos e concretos ligados a Causas e Responsabiidade Social.



Como vê o atual panorama dos festivais de música em Portugal?

Ao contrário do que muitos pensam, verifico com muita satisfação o aparecimento de muitos Festivais, versando novas áreas temáticas dando às mesmas voz e visibilidade que sem a concretização dos mesmos não tinham. Os Festivais são sinónimo de empreendedorismo, de revitalização, de defesa ou promoção de património material e imaterial. Os Festivais não têm dono. Os Festivais não têm barreiras nem muros e a sua língua, a música, é Universal e a única que junta e não divide. Cada vez mais os Festivais, principalmente os novos Festivais têm uma função dinamizadora, de defesa, de denúncia, de afirmação, de fixação das suas gentes, de criação de parcerias locais e regionais, estimulam o lazer e a troca sadia de identidades, assim como contribuem para melhoramentos de infraestruturas e para a "mexida" da economia local.


A capacidade empreendedora e a razão forte da existência de inúmeros Festivais irá selecioná-los; uns ficarão mais fortes tornando-se referências nacionais e outros desaparecerão.


No entanto e em todos eles, sejam Festivais de referência local, regional ou nacional, muito ainda há a fazer ao nível das Condutas, Procedimentos e dos Planos, em áreas tão significativas como: sistema de gestão e execução de plano ambiental (ar, resíduos, água de consumo, águas residuais, floresta, espaços verdes, etc); sistema de gestão e execução de plano contra-incêndios, sistema de gestão e execução de plano de evacuação; sistema de gestão e execução de plano higiene e segurança no trabalho; cumprimento da legislação que condena a utilização abusiva e sistemática de trabalho precário, trabalho infantil e mão de obra barata; cumprimento de legislação técnica e exposição visível dos certificados técnicos e de inspeção dos equipamentos e estruturas; uso e abuso da ausência e "buraco" legislativo de certificação de todos os profissionais do meio.



De que forma se poderá processar a sua evolução a curto-médio prazo?

A evolução dos Festivais vai ser concerteza aferida pelo público, pelo cumprimento de legislação e normas, pelos media, pelos acontecimentos mais ou menos felizes, pela lei da concorrência, pela capacidade inovadora e regeneradora dos Festivais assim como pelo fio condutor que os seus conteúdos digam aos seus públicos respetivos.


Haverá concerteza Festivais para públicos "além fronteiras" em que a linguagem e conteúdos comuns são transversais a gerações, a "scores" de mercado comercial e à multi-culturalidade, apoiados por grandes marcas e por instituições nacionais de referência onde a bilheteira e o merchandising são parcela importante, cuja base de trabalho e implementação na pré-produção e produção são profissionais com remuneração direta ou indireta, com tudo o de bom e de mau que daí advém.


Mas haverá concerteza Festivais temáticos e de registo local e regional muito protegidos e acarinhados pelos cidadãos, pelos municípios e instituições europeias cujo âmbito é a defesa de minorias, de regiões, culturas, etc, assim como haverá ainda um forte contributo das empresas regionais e do comércio local, cuja base de trabalho na pré-produção e produção é o voluntariado, com tudo o de bom e de mau que daí advém.


Penso ainda que com o tempo, os Festivais terão tendência a auto-regulamentar-se e irão "perfilar-se e alinhar-se", ou seja, haverá um "catálogo" bem definido e muito rico em escolhas, mas também muito avaliado em itens, tendo alguns deles já referido anteriormente.



Como garantir a sua certificação e regulamentação - a nível coletivo e individual, do que colaboradores que nele frequentam?

O mercado onde se movem os Festivais, envolvendo toda a cadeia de baixo para cima, de cima para baixo, é uma amálgama de interesses heterogéneos. Enquanto uns procuram e defendem a Regulação e a Normalização legislativa de toda a área profissional onde se movem, outros há que, defendem o contrário ou pelo menos escudam-se num "silêncio ensurdecedor", preferindo o estádio da situação atual e quiçá alimentando-o, sabe-se lá porquê?


Assim sendo a APORFEST poderá ter aqui um papel aglutinador das vontades em "mexer" e "acordar" o atual marasmo e ausência legislativa com que a área se debate. Pode a APORFEST com o trabalho já desenvolvido, abrir a porta a outras Associações e Organizações representativas dos profissionais da musica, a fim de fazerem o ponto da situação do trabalho já desenvolvido, constituírem um Grupo de Trabalho, alcançando em linhas mestras os problemas que por defeito ou excesso se verificam e a partir daí apresentarem às Instituições e Entidades Governativa um Caderno de Interesses, assim como abordar os Grupos Parlamentares com assento na Assembleia da República a fim de estimular o inicio da discussão da necessidade e urgência de se legislar e regulamentar o Setor.


A formação académica e profissional já existente e ministrada por Universidades, Institutos e Escolas Profissionais deve ter um cuidado tratamento de Certificação pelos Institutos de Certificação existentes, uniformizando-se e atualizando os conteúdos programáticos face à mesma função e tarefa, assim como estabelecer uma equivalência europeia.


É imperioso que haja um enquadramento legislativo das profissões existentes na área da música, com menção aos requisitos de admissão, descrição das funções, tabela de hierarquização de funções, equivalências académicas, assim como a regulamentação e a implementação da carteira profissional.


Neste sentido é de todo imperioso haver uma Entidade Reguladora Nacional para a atividade profissional da Musica e respetivos profissionais. Verifico ser imperioso a implementação de um Certificado de Qualidade a atribuir aos Festivais, assim como a conceção e implementação de manuais e checklist´s visando toda a "cadeia" do Festival; pré-produção, produção, montagem e desmontagem, Etc.



A APORFEST é importante no reconhecimento desta área e na capacitação dos seu profissionais?

Começo por dizer que é com grande agrado e satisfação que me tornei sócio da APORFEST, pois finalmente encontrei um Fórum onde posso tomar conhecimento do barómetro profissional onde me movo, em muitas matérias e assuntos, não só os ligados objetivamente aos Festivais, mas também de outros ligados à área da musica e não só.


A APORFEST é deveras importante no panorama musical português, porque pode ser uma mais-valia para áreas de trabalho e atuação da musica que não passa só pelos Festivais. A APORFEST tem no seu Corpo Diretivo um grupo de jovens dinâmicos, ambiciosos, conhecedores do meio, que sabem ouvir, que sabem em que ponto o meio profissional se encontra e não estão "presos" e "amarrados" a interesses e preconceitos.


Podemos dizer sem desvirtuar a verdade que a ação APORFEST é transversal à problemática musical portuguesa, abarcando nos seus estudos, nas suas observações, nas suas propostas, toda uma gama de assuntos e problemas que vão desde os profissionais ao público, passando pelas Instituições oficiais, Organizações e Empresas nacionais e internacionais.


As ações de formação promovidas pela APORFEST são de um reconhecido interesse profissional, abordando assuntos e temas que estão na ordem do dia e que não se encontra em debate e formação em outras Associações e Organizações.


A internacionalização e o apoio que a APORFEST assiste aos seus associados, assim como a frequência com que está junto dos seus associados através da informação e comunicação via net, reforça ainda mais, a importância da APORFEST na minha atividade e vida da minha Empresa e Grupo empresarial.


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