O reggae já foi um estilo transversal nos cartazes dos festivais mainstream portugueses. A meio da primeira década do Séc. XXI recebemos artistas como Patrice, Gentleman, Sean Paul, mas hoje sobram poucos exemplos de festivais que respeitam o estilo no seu alinhamento e trazem os seus melhores intérpretes e o Maktub Soundsgood é um desses exemplos. Este aproveita uma marca, vários serviços de captação turística e celebra uma data em formato festival tendo as dificuldades que os comuns festivais sentem sem um naming sponsor. Falámos com o seu responsável, Fábio Afonso.
APORFEST: O que é o Maktub Soundsgood?
Fábio Afonso: O festival advém e nasce derivado da Maktub - uma marca de família, cuja escrita significa "destino". É composta por quatro membros (um pai capitão de alto mar e três irmãos, situados na ilha da Madeira), que levam esta marca desde a existência de um primeiro hostel no ano 2000 no Jardim do mar, passando em 2010 para a criação de um segundo no Paul do Mar e um terceiro em São Vicente a que soma um bar, restaurante e sunset. No ano de 2013 a Maktub cria uma união com a Soundsgood, formando uma parceria de divulgação de "músicas do mundo" na região. Com a entrada de um programa semanal em cinco estações de Rádio (Calheta, Santana, São Vicente, Porto Moniz e Jornal da Madeira), o diretor da empresa Soundsgood, Fernando Cabral avança com a voz do programa e apresenta as novidades que o mundo da música lhe traz. Todos os anos o festival celebra o aniversário da marca no primeiro fim-de-semana de maio tendo como principal vetor a música reggae. Surf, lifestyle, roots music, sunset, holiday destination fazem parte dos conceitos atuais do Maktub Soundsgood.
Qual a evolução que o público vai experienciar da 1ª edição para esta (a 17ª) que ocorrerá no próximo verão?
A evolução que o publico pode contar, é que este ano contamos com presença de quatro bandas e três delas são internacionais: Sean Koch (SAD), Jahneration (FR), Pierre Nesta (FR). A banda nacional são os icónicos Mercado Negro. Também juntamos a isto histórias soltas representadas por dois realizadores do mundo da música portuguesa (Nélson Lemos e Paulo Mendes) para a realização de transmissões em direto para as nossas redes sociais principais (Facebook e YouTube) e o Aftermovie.
De que forma projetam a programação do festival?
A programação é feita com base nas referências adquiridas nos anos anteriores e pelas apostas sustentáveis para o público-alvo que nos acompanha neste festival desde sempre. Nunca nos esquecemos que o festival decorre numa terra onde o surf foi destaque mundial, e que este estilo de vida começou a massificar-se nos últimos anos. A organização decidiu, nesta edição, continuar a potencializar a vinda de bandas que tenham ligações ao mar. A criação de uma ligação com o melhor festival de reggae da europa, o Reggae Sun Ska (em Bordéus), foi importante para a vinda do Pierre Nesta. A ilha tem muita emigração radicada na África do Sul o que nos levou a apostar na vinda de Sean Koach. Numa aposta que extrapola o reggae para caminhos do hip-hop, trazemos a banda francesa Jahneration e para fechar o nosso festival a vinda dos Mercado Negro que foram um dos pioneiros do reggae nacional.
Como realizam o envolvimento de parceiros e público para o vosso evento?
Sou sincero, a nossa marca já mostrou por diversas vezes (17 edições) o trabalho que podemos realizar o que traz um retorno muito grande na felicidade do público. Somos muitas vezes obrigados a canalizar vários apoios através dos serviços que temos dentro da nossa marca para o próprio festival e assim conseguir tornar sustentável a balança entre receitas e custos. Em respeito ao público seja ele regional, nacional ou internacional, somos muito defensores deste conceito que o nosso festival proporciona.
!doctype
Qual o vosso diferencial em termos de sustentabilidade quando comparado com outros festivais com a mesma ideologia?
A sustentabilidade do nosso festival passa por estar na abertura das "temperaturas quentes" que se iniciam em maio e valorizar este destino sul da ilha, onde qualquer pessoa pode passar o seu fim-de-semana num sitio cool, dando destaque e mostrando este destino maravilhoso às suas redes de contactos. São eles o melhor "postal" e sem custos.
O que podemos esperar do festival nas próximas edições? Passar este festival de um para dois dias e conseguir ter a possibilidade de criar uma zona camping.
Quais as dificuldades e vantagens de organizar um festival num meio mais limitado como é um arquipélago? As dificuldades, na maioria das vezes, passam por conseguir um verdadeiro apoio das entidades governamentais regionais e nacionais. Lidamos com falta de apoios, por exemplo, nos transportes aéreos para a vinda de todas as bandas e as suas equipas. Já as vantagens são as de conseguirmos termos tudo concentrado - surf, lifestyle, reggae - e podermos assim aproveitar ao máximo sem dispersão - é mais fácil conseguir comunicar aqui o evento.
De que forma a Aporfest pode ser um contributo para o vosso posicionamento?
Será sempre uma grande vantagem estar associado de forma a saber como garantir uma maior credibilidade deste festival junto das entidades públicas e privadas assim como obter, através dos seus serviços, competências a todos os níveis.