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Festivais Intermunicipais, o segredo do sucesso da D'Orfeu AC. Entrevista: Luís Fernandes (diret

Está situado fora das principais metrópoles portugueses um dos projetos criativos e artísticos de maior atividade, em continuidade. Dá pelo nome de d'Orfeu AC, sediada na cidade de Águeda, com intervenção por vários outras concelhos e que espalham a mensagem dos seus festivais e que vão mudando a história no nosso panorama fazendo-o evoluir a nível qualitativo. Falámos com o seu atual diretor criativo para perceber a força e estratégia da associação que representa.

APORFEST: Como se caracteriza a d'Orfeu AC na atualidade - é uma associação, uma entidade promotora e formadora?

Luís Fernandes: A d'Orfeu é uma associação cultural que iniciou atividade em 1995, em Águeda, com o objetivo de dinamizar atividades culturais através da música e da sua relação com todas as outras formas de expressão. Hoje, a d’Orfeu AC centra a sua atividade em três grandes áreas: formação, criação e programação. A nossa oferta formativa foi recentemente renovada e lançámos este ano a Escola de Palco, que promove a sensibilização artística através da música, do teatro e também do seu cruzamento artístico: a Teatrúsica. Na vertente criativa, temos um volumoso portfólio de projetos transversais a distintas expressões performativas, com o foco na vertente músico-teatral. Atualmente, em cena, temos oito criações, com um vasto histórico de agenda, tanto a nível nacional como internacional. Algumas destas criações, ganham também vida fora do palco, através de edições discográficas já lançadas. As quatro grandes marcas da programação têm edições garantidas até 2021 e novos objetivos estratégicos a cumprir. Qualquer delas é uma proposta singular no panorama cultural do país, com uma crescente afeição do público, que é constantemente surpreendido pelos formatos inéditos que produzimos.


Que festivais realiza a d'Orfeu AC? É possível identificar a sua história?

Os quatro festivais anuais da d’Orfeu AC são: o Festival i!, um non-stop de espetáculos dedicado ao público infantil e familiar, que se realiza desde 2009, em Águeda, durante três dias de maio; o Festim – festival intermunicipal de músicas do mundo, que acontece nos meses de junho e julho, também desde 2009, nos vários Municípios parceiros da associação; o Festival O Gesto Orelhudo, o evento mais referente da d’Orfeu, pioneiro na musicomédia, que se realiza desde 1999, no mês de outubro, em Águeda; e o OuTonalidades – circuito português de música ao vivo, o mais antigo evento da d’Orfeu AC (23 edições consecutivas realizadas desde 1997), palmilha anualmente o país de lés-a-lés, através de uma alargada rede de espaços de programação abertos à diversidade das músicas que se fazem em território nacional.


Estes ficam cingidos apenas à cidade de Águeda ou atravessam fronteiras? E porquê?

Do ponto de vista do fomento de uma oferta artística no país o OuTonalidades promove um extenso circuito à escala nacional. Mas este circuito, vai também além fronteiras, fruto de um programa de alianças Internacionais com circuitos congéneres, feiras ou festivais, com os quais vimos concretizando intercâmbios bilaterais de grupos e artistas, prosseguindo a missão de incentivo à circulação da música ao vivo, num trabalho em rede cujas sinergias extravasam o tempo e a geografia oficial do evento. A ação que a d’Orfeu interpreta à escala regional (Festim e demais circulação artística) é diferenciadora e, em vários dos municípios, decisiva como oportunidade de valorização cultural e económica do território e de desenvolvimento humano e social. A região envolvida é vasta e com assimetrias que este trabalho emrede minimiza.

Para o desenvolvimento da oferta cultural do concelho de Águeda, município-sede nosso, é decisiva a relação de parceria estratégica entre a autarquia e esta estrutura artística profissional. O reconhecimento pela atividade artística perseverante, inédita e regular da d’Orfeu AC, não só em Águeda mas também projetando Águeda, traduziu-se na renovação do atual Protocolo com o Município por mais quatro anos, acompanhando o quadro temporal do Apoio Sustentado da DgArtes. A política cultural da autarquia interliga-se, em boa medida, com o nosso, agora ainda mais com o advento de um equipamento de referência como o Centro de Artes de Águeda, infraestrutura que vem ajudar a cumprir alguns desígnios da programação da associação.

Igual reconhecimento chega dos Municípios de Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Estarreja, Ílhavo, Oliveira do Bairro, Santa Maria da Feira e, desde 2018, também Oliveira de Azeméis, na justa medida do envolvimento que a d’Orfeu AC tem na oferta cultural dos seus territórios, nomeadamente com o Festim – festival intermunicipal de músicas do mundo, marca distintiva de programação que celebrou este ano a sua 10ª edição.


Qual o vosso objetivo nos próximos anos na organização, reconhecimento e credibilização destes festivais?

A nossa missão parte de uma vontade muito humana: a de questionar a cultura que temos, baralhar criativamente e voltar a dar. Porque se acredita no valor de uma intervenção cultural sem concessões junto das populações, estimulando o seu sentido crítico, assume-se a responsabilidade de um futuro crescentemente cultural para e com todos os públicos tocados pela d'Orfeu AC.


Porque optam, como o caso do Festim, na inclusão de concertos da sua programação noutros festivais (e.gAgitÁgueda)? Que vantagens retiram desse processo?

O processo de programação do Festim atende, em larga medida, a vontades estratégicas dos Municípios parceiros, pelo que tem sido prática a criação de sinergias entre o Festim, enquanto marca supra-municipal, e alguns eventos de forte implantação local. O cariz distintivo das propostas artísticas do Festim, do ponto de vista da qualidade e do fascínio, marca claramente públicos que, de outra forma, não acederiam a estas propostas por iniciativa própria. Há pedagogia cultural associada a estas opções dos Municípios, sem prejuízo da autonomia artística da d’Orfeu. Paralelamente, lutamos pelo maior sucesso, também em termos de público, das noites exclusivamente “Festim”, que são semente da consistência do evento.


Como tentam criar sinergias com os municípios onde decorrem os vossos eventos?

A nossa intervenção em cada um dos Municípios parceiros não se esgota nesse objeto comum – o Festim -, pois os Protocolos plurianuais em vigor contemplam uma relação de trabalho regular nas áreas da formação artística, cultural, associativa ou comunitária, nas circulação das criações d’Orfeu e em potenciais extensões dos outros festivais, ao longo de todo o ano.


De que forma a APORFEST e os seus eventos profissionais como o Talkfest e Iberian Festival Awards são importantes para vocês?

A APORFEST, com o fantástico trabalho que tem feito e com o conjunto de vantagens que traz para os seus associados é, sem dúvida, um forte pilar para o suporte da nossa atividade. A oferta formativa e o fornecimento de informação atualizada são alguns dos pontos que mais nos interessam, para além de todo o apoio que podem estabelecer, quer a nível jurídico ou estratégico, como também no acesso a novas ferramentas para festivais ou no suporte de comunicação. O Talkfest é um dos eventos que procuraremos estar mais presentes, devido à qualidade das conferências/seminários/apresentações aí realizados, que são indispensáveis para os membros da nossa equipa. Por outro lado, oIberian Festival Awards é um evento no qual temos estado presentes não só pela possibilidade de contacto com outros profissionais da área, como também pelo reconhecimento que permite aos eventos nomeados. Neste caso, o Festim foi nomeado em todas as edições do Iberian Festival Awards, consolidando o reconhecimento desta iniciativa intermunicipal, como uma imagem de marca da região, tanto pela programação ímpar de artistas de projeção internacional, como pela crescente conquista e fidelização de públicos.

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