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Artigo Científico: Gestão de risco para eventos e festivais

O impacto e a incidência de fatores de risco em eventos e festivais tem vindo a aumentar ano após ano, facto que agora tão bem é percecionado pela imposição da atualidade. A gestão de risco e o caráter de imprevisibilidade neste setor, obriga aos seus responsáveis, a pensar mais na sua prevenção.


Para o desenvolvimento económico de um país, é de extrema importância que as indústrias mais recentes, surgidas nos últimos anos se desenvolvam tanto a nível nacional como a nível local. Uma das indústrias do futuro e com mais potencial de crescimento é sem dúvida a área dos eventos e festivais, que no caso de Portugal e países desenvolvidos, representa uma grande percentagem de fonte de receitas do país.


O artigo científico analisado (publicado pela Bucharest University of Economic Studies) estuda a atual situação na gestão de risco no setor dos festivais e quais os riscos de maior relevância enfrentados pelos seus organizadores, enquanto são analisadas as etapas de gestão de risco específicas a este tipo de eventos.


O impacto económico e social dos festivais e eventos tem crescido acentuadamente nos últimos 20 anos. Foram construídas empresas bastante lucrativas na Europa Central e Ocidental (e.g. ID&T), bem como nos EUA (e.g. Live Nation), empresas estas baseadas principalmente na indústria da música eletrónica (mas não só). Segundo o estudo analisado, um exemplo é o Festival Coachella, que em 2016 teve uma receita de 704 milhões de dólares. Desse total, 106 milhões de dólares foram investidos na área onde o festival está organizado e 3,18 milhões de dólares chegaram ao orçamento local apenas com as taxas cobradas pelos bilhetes.


Créditos fotografia: Pinterest


Concertos locais, festivais internacionais de música e cinema, festivais nacionais, eventos desportivos são apenas alguns tipos de eventos que surgiram e vão surgindo todos os dias no mercado. Além da importância económica e dos benefícios financeiros e sociais que eventos e festivais têm, envolvem muitos riscos. Para maximizar a probabilidade de alcançar resultados predefinidos, é necessário ter uma gestão de riscos apropriada ao contexto do evento ou festival. A literatura especializada propõe diferentes modelos de gestão de riscos para eventos e festivais - as diferenças são os riscos analisados, assim como as causas comuns. As categorias diferem dependendo do tipo de evento:

  • Riscos administrativos - passa pelos riscos de gestão do: sistema, tempo, recursos humanos ou de compras. Um exemplo pode ser a falta de um número mínimo de voluntários para as tarefas complementares de produção;

  • Riscos financeiros - O seu impacto é tanto mais considerável quanto maior a dimensão do evento, principalmente se estes forem novos festivais;

  • Riscos de marketing - Inclui os riscos associados a vendas, promoção, parcerias e sponsoring. Uma promoção deficiente ou a adoção de uma promoção inadequada à natureza do festival ou de ineficácia na análise do público-alvo, darão maus resultados;

  • Riscos institucionais - Esta categoria diz respeito especialmente quando estão em causa festivais privados e sem fins lucrativos. Pode haver riscos relacionados à obtenção de todas as licenças para execução das atuações e atividades de entretenimento e também na correta passagem e utilização das receitas;

  • Riscos de gestão de massas - Inclui os riscos relacionados ao conforto dos participantes, bem como os riscos relacionados ao controlo das grandes aglomerações de pessoas. O risco de um pequeno número de unidades de higiene e o risco de má comunicação (previsto com boa assessoria mediática) com os participantes antes, durante e depois do festival são bons exemplos para esta categoria. Esses fatores podem levar à perda da reputação dos organizadores;

  • Riscos de segurança e proteção - Os especialistas incluem nesta categoria todos os riscos causados ​​pela incapacidade de manter a segurança durante o festival: riscos naturais - terramotos, condições meteorológicas desfavoráveis, bem como os relacionados ao fator humano - incêndios, actos de terrorismo, entre outros;

  • Outros riscos - Esta categoria final poderá incluir riscos que não podem ser associados às 6 primeiras categorias, como os riscos associados à má gestão do website ou os riscos que podem surgir devido a mudanças no mercado de eventos de grande dimensão (e.g. Covid-19), bem como riscos decorrentes de causas naturais ou adversas.

Estas categorias podem ser modificadas, concluídas ou combinadas, dependendo da especificidade de cada festival e do contexto do mesmo. Exemplos de boas práticas de festivais de todo o mundo também advém da boa gestão de riscos que tentam por em prática ou prever.


Pelas conclusões retiradas deste estudo verificou-se um aumento no número de riscos enfrentados pelos agentes económicos na indústria de eventos e festivais nos últimos anos. A concorrência da área está em constante desenvolvimento (e.g novos players e sponsors), o que exige um foco maior na gestão dos mesmos. Observou-se que a diferença entre o nível de desenvolvimento da indústria no resto da Europa e o nível de desenvolvimento nacional (na Roménia, país de origem do estudo) está em decréscimo. Os festivais tradicionais e com um grande número de participantes, como o Coachella ou o Tomorrowland, oferecem modelos de boa gestão de riscos que também podem ser aplicados em festivais romenos, portugueses e de outras nacionalidades certamente.


Métodos como a promoção com influenciadores digitais ou o uso de drones para monitorização são soluções que podem ser aplicadas em festivais de todo o mundo, mas que exigem algum investimento. Os riscos críticos atuais estão relacionados com a segurança e proteção dos participantes deste tipo de eventos. No contexto atual, quando os atos de terrorismo e violência causados ​​pelos participantes durante os festivais são mais comuns, esses resultados são de particular importância no nível da indústria. Além disso, é provável que ocorram riscos associados a uma boa promoção - no primeiro e o segundo exemplo, podem ser aplicados novos métodos de combate semelhantes aos apresentados nos exemplos de boas práticas. Felizmente no contexto português não existem relatos de incidentes críticos dentro dos recintos, o que resulta da boa gestão, preparação e comunicação entre as equipas de Safety & Security.


Créditos fotografia: Reports APORFEST 2019

No caso romeno, os riscos institucionais continuam a ser relativamente altos. Há uma grande necessidade de cooperação e colaboração entre a administração pública local e os organizadores dos maiores festivais. A boa cooperação entre estes dois atores levará à gestão partilhada de riscos, ao aumento da eficiência da gestão de riscos e a vários outros benefícios a longo prazo, como o crescimento do turismo ou o desenvolvimento económico e social da unidade administrativo-territorial. A gestão de riscos específicos para esses eventos ainda está em fase de desenvolvimento, estimando.se que a indústria de eventos e festivais seja uma das indústrias do futuro que possa gerar muitos efeitos benéficos no nível da economia; portanto, a pesquisa nesse campo deverá ser continuada.


Entidades públicas, privadas e associativas devem criar Guias de Boas Práticas para apresentação ao público e promotores, para que desta forma todos saibam agir da melhor forma nestes momentos. A APORFEST tem emitido alguns conteúdos nesta área que podem ser consultados no seu website e/ou área reservada associado.



Palavras-Chave: Eventos; Festivais; Gestão de Riscos.


*Este e os mais recentes artigos científicos originais estão disponíveis aos associados na área reservada.



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