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FESTIVAL IMATERIAL
Acompanhámos um dos primeiros dias do Festival Imaterial em Évora. Um festival que procura dar relevo ao património musical e o legado que eles deixam sobre as cidades e comunidades - no fundo o que dá o nome ao festival. Assistimos a uma noite de concertos únicos, primeiramente com a ativista curda Aynur que encheu o Teatro Garcia de Resende (com a sua requalificação finalizada, tornando-o num espaço atualizado para o roteiro artístico nacional) e que deu voz a uma musicalidade que presenteou a dicotomia tradicional e um cunho contemporâneo aproveitando para mostrar o seu último álbum - "Hedur" - carrega consigo as cruzes de um povo e por isso no final da sua atuação recompensou o grupo de refugiados advindos de Lisboa que não quiseram a oportunidade de assistir a este momento e estar de perto com a mesma.
Esta noite de concertos esteve esgotada, disponibilizando a organização um espaço com ecrã no exterior do Teatro para quem já não conseguiu aceder ao interior. O festival tem mesmo todas as suas sessões de concertos esgotadas, surpreendendo logo na primeira edição a vontade do público em querer fazer parte destes momentos e do quão único são os concertos que nele ocorrem, verificando-se que em Évora o cuidado na criação e programação de eventos que possam deixar um legado a todas as gerações já surte efeitos, pois o público presente era de todas as idades.
Único é o que melhor pode descrever o concerto final desta noite onde o Grupo de Cantares de Évora partilha o seu saber e tradição vocal num grupo de teor semelhante mas da região de Sardenha, os Cuncordu e Tenore Orosei. Entre si foram intercalando as interações em palco acompanhadas em simultâneo e/ou em interlúdio pelo violoncelista Ernst Reijseger num total de mais de 30 pessoas em palco.
O festival tem ainda a ligação a outras áreas como conferências e um Encontro Ibérico com profissionais da área musical sendo um dos desejos da organização de no futuro os concertos e encontros de artistas fazerem ainda mais parte integrante da paisagem, algo que não foi possível devido à atual situação pandémica, mas que tornará o Imaterial em algo Material gravado na memória, pelo menos, de quem o presenciou e se sente sortudo por ter feito parte!