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REPORTS 2015

 

Lisb-On #Jardim Sonoro 

O LISB-ON #JardimSonoro chegou para colocar no mapa dos festivais uma experiência impar. Decorre no hipocentro da cidade, num espaço em que era inconcebível ainda não existir um festival de música. Na segunda edição consolida-se, mas denota dores de crescimento, com lotação esgotada nos dois dias de festival, foi necessário reduzir a capacidade máxima da clareira do Parque Eduardo VII no domingo, depois do primeiro dia ser marcado pelas filas intermináveis em todos os serviços do evento. 


O cartaz é o principal ponto diferenciador do festival, existem outros jardins e outros festivais limpos de marcas, mas o LISB-ON traz para a rua e para a luz do dia um público habituado tanto à noite como aos espaços indoor, comporta-se como um festival de verão. Este ano fizeram-se ouvir nomes mais sonantes que na primeira edição, Nicolas Jaar e Nina Kraviz deram no sábado os concertos mais esperados. No domingo a boa música continuou a fazer-se ouvir, a fusão de Jazz, Funk e Soul com a eletrónica marcaram esta tarde seguidos por Todd Terje, que não desiludiu num dos sets que despoletara mais curiosidade. 


O modelo é consistente, seguro e sustentável. Existem neste momento três festivais diurnos na cidade de Lisboa: o Meo Out Jazz, o Piknic Eletrónico e o LISB-ON. Todos eles com balanço positivo em 2015, estilos musicais que são aparentemente semelhantes mas conversam com públicos distintos. É importante notar que encontramos, este ano, como nunca, um conjunto de festivais que incentiva a presença de famílias. No Jardim Sonoro vemos pais e mães a estenderem as suas mantas de picnic para se sentar, crianças que se divertem a imitar os adultos dançar, a ler um livro ou a fazer bolhas de sabão. 


A presença de marcas é quase inexistente no LISB-ON, as que se mostram encontram-se integradas no ambiente do festival, como bem se pode ver no mural da Heineken ou na barbearia da Jameson, as cores pouco fogem aos tons do verde e o ambiente criado é limpo e despido de distrações. Faltou a capacidade para abraçar, no primeiro dia, os efeitos que os nomes de Nina Kravitz e Nicolas Jaar tiveram no público, que se mostrou descontente, no recinto e nas redes sociais, com filas para entrar e para carregar as pulseiras com dinheiro para consumo. 


Apesar das tribulações do primeiro dia da segunda edição, a inovação (pulseira que continha um mecanismo que era lido através de uma app num smartphone e normal cashless sem dinheiro vivo para se efetuar pagamentos dentro do recinto. A ideia já vinga em eventos, sobretudo no estrangeiro, e tem tudo para o poder ser cá, mas faltaram locais onde se pudesse fazer esta transação) e o profissionalismo estão nos pilares elementares do festival, no último dia não estiveram visíveis os problemas iniciais. Na segunda edição o cartaz foi reforçado, cresceu e afirmou-se no panorama português e sobretudo lisboeta, fica a certeza que o jardim sonoro regressa em 2016.

 

Texto: Tatiana Mota e Tiago Fortuna. Fotografia: Sofia Fortuna

Bons Sons 

O Festival com Alma Rústica voltou a acontecer, desta vez um ano mais cedo que o esperado visto que o festival passou de bi-anual para anual, na aldeia de Cem Soldos, perto de Tomar de 13 a 16 de Agosto de 2015.

Na 6ª edição do evento que se intitula como o Maior Festival de Música Portuguesa, toda a aldeia foi transformada numa festa de descoberta, comunidade, partilha e boa música. Com menos 3 mil visitantes que o ano passado, passaram por Cem Soldos 35 mil pessoas que decidiram “Viver a Aldeia”, o que se torna tão especial quanto a qualidade da música que por lá passa.

 

O envolvimento com a comunidade continua a ser ainda um dos pontos mais fortes deste festival, com a participação dos locais não só através dos seus próprios negócios mas também através de mostras de artesanato e também de ofertas gastronómicas com destaque para as iguarias regionais.

 

A nível musical, o Bons Sons assume-se como uma plataforma de divulgação de música portuguesa, onde o público descobre projetos emergentes e reencontra músicos consagrados. O evento contou, assim, com grandes nomes da música portuguesa como Manuel cruz, Carlão, Clã, Ana Moura, Tó trips, Camané, Salto, D'alva, tresporcento, Nice weather for ducks e Long way to Alasca. A estes nomes juntam-se muitos outros que num espírito de descoberta foram encantando o público do Bons Sons, nomeadamente artistas que nem fazem parte do cartaz e que se inscrevem diariamente para tocarem no Palco Garagem. Literalmente todos podem tocar neste festival. Mas música não é a única arte que se pode encontrar no Bons Sons, contando assim também com exposições de arte e com mostras de curtas-metragens diariamente.

 

A nível de parque de campismo, em comparação com o ano passado existiu mais organização (por exemplo nas passagens e na segurança). Todo o recinto do festival e as ruas de Cem Soldos encontravam-se bastante limpas, em grande parte pela distribuição coerente e abundante de caixotes de lixo (onde a reciclagem não foi esquecida).

A nível logístico as bilheteiras apresentam pessoas simpáticas e informadas, com um sistema informático organizado que facilita a aquisição de bilhetes e também o levantamento de acreditações/ convites. O festival tem um acesso fácil e com excelente sinalização que permite localizar corretamente o evento e com um parque de estacionamento suficiente para o fluxo de público.

 

O Bons Sons é um festival com alma rústica e o seu carácter advém em parte da aldeia que tão bem recebe o seu público e dá vontade de ficar por lá a viver Cem Soldos até ao próximo ano.

 

Texto e fotografia: João Azevedo e Alexandra Cardoso

Edp CoolJazz 

O EDP CoolJazz construiu este ano um dos cartazes mais sólidos do mercado português com um conjunto de concertos únicos a resultarem em nada menos que uma grande parte das noites de concertos esgotados, que fizeram com que se ultrapassasse os 400 mil espectadores ao longo das suas 12 edições.

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O festival trabalha um segmento único de mercado, vive longe do conceito de massas, apesar de receber artistas e concertos de grandes dimensões como Lionel Richie, Caetano Veloso e Gilberto Gil. São noites promovidas separadamente, entre os Jardins do Marquês de Pombal e o Estádio Municipal de Oeiras/Parque dos Poetas, sem perder a dinâmica de um recinto pensado para acolher um festival com dinâmicas como a zona de restauração ‘Cool Pick&Go’, que estimulam o público a chegar mais cedo e a conviver no recinto do evento.

 

Ao naming sponsor do festival juntam-se no cardápio nomes como a Audi ou a CGD. É curioso verificar o posicionamento desta última num festival de nicho, que se divide numa lotação em que um dos recintos não ultrapassa as 5 000 pessoas e o outro as 15 000 - enquanto num festival encontramos a marca com um stand de três andares a promover saltos em queda livre, a mesma proporcionou aqui um balcão a oferecer um café aos festivaleiros, cosneguindo por isso posicionar-se.

 

Passemos à música e aos três concertos que a APORFEST assistiu. O primeiro, a 28 de Julho no Parque dos Poetas que se contagiou com o ambiente místico de “uma noite com Mark Knopfler”, onde brilharam também os seus oito músicos e os grandes hits de Dire Straits como “Sultans of swing” e “Far Away”.

A 30 de Julho a promessa era de música “all night long” com o ícone Lionel Richie que brindou o público com êxitos atrás de êxitos, num alinhamento que teve tanto de previsível quanto confortante. Era exatamente isto que o público queria e que Lionel Richie tinha para dar, com um explosivo segmento final com início em “Dancing On The Ceiling”, seguindo-se “Hello” a fechar. Para o fim estava guardado “We Are The World”, o tema escrito para o evento mundial LiveAid ao lado de Michael Jackson. Uma oportunidade única, um privilégio, para ouvir, ao vivo, um tema com um papel estrutural para a recente história da música.

 

A fechar esta edição do EDP CoolJazz os veteranos brasileiros Caetano Veloso e Gilberto Gil aqueceram com apenas as suas vozes e guitarras a noite fria e ventosa que se fazia sentir no Parque dos Poetas. Algumas músicas, poucas, foram acompanhadas timidamente pelas vozes do público e só no final, com uma pequena invasão da plateia em frente aos músicos e ao som de “Desde que o samba samba” se sentiu o verdadeiro calor brasileiro.

 

Texto: Marta Azevedo e Tiago Fortuna. Fotografia: Organização

MIlhões de Festa

Foram quatros dias, mas rápido passou a 6ª edição do festival (na localidade de Barcelos). No Milhões de Festa assistem-se a diversos fenómenos que tornam este evento ímpar a nível nacional.

 

1º Os artistas partilham o mesmo espaço que o público (querem estar na piscina e passear pelo recinto e sentir o ambiente), interagindo no meio dele e não fosse a sua credencial e muitas vezes nem se saberia que eram eles a razão principal do festival.

 

2º Baixa é a percentagem de público que conhece a maioria das bandas do festival, mas a música e a sua qualidade e critério de escolha pela organização é uma das razões principais de ida do público ao Milhões e quem vai é certo que deseja voltar a ir.

 

3º O festival acontece numa cidade acolhedora, carregada de história e que permite a sua deambulação por entre os vários momentos músicais. O sentimento de conhecer uma cidade enquanto se está num festival, é incomum.

 

4º A presença de marcas é inexistente, não fosse a participação da Red Bull na curadoria e decoração do Palco e ambiente da Piscina que permite assim trazer artistas consagrados e dar outro ambiente ao palco que deu azo ao melhor word of mouth do festival. É aqui que se tiram os melhores instantâneos e se dá azo à alegria.

 

5º Os outros palcos também têm a sua história, como o Palco Taina e que mistura a entrega dos artistas à abertura do espaço a todos, sempre acompanhado com a melhor bebida e churrasco. Alguém disse que este palco é "o irmão feio da Piscina" mas vimos aqui o público entusiasmado.

 

6º Assistir a concertos, apreender novas musicalidades, exibir uma camisa tropical e ter o telemóvel no silêncio e não tirar selfies é uma "lei" que todos parecem cumprir.

 

7º No meio de tantos pontos positivos, falta claramente ao festival maior envolvimento local e poder de divulgação do conceito, que permita crescer e assim conseguir atrair mais público.

 

Não foi necessário falar de qualquer atuação em específico para definir o festival, pois não é de facto o que interessa, mas de qualquer forma as principais apostas - Michael Rothen, THEESatisfaction, Matias Aguayo e Deerhoof foram as que atrairam mais público. De resto tudo se resumiu a muita novidade e focalização dos músicos em dar a sua música, fosse ela do género hip hop, metal, rock, pop, eletrónico ou até cúmbia.

 

Texto e fotografia: Marta Azevedo, Ricardo Bramão e Lia Matos

Marés Vivas 

A praia do Cabedelo esgotou a sua lotação recebendo 90 mil pessoas, naquela que foi a 13ª edição do Meo Marés Vivas. Com um recinto ligeiramente maior - novidade com o Coreto Caixa que recebeu comediantes durante os três dias de festival, uma bancada que esteve sempre cheia e uma nova localização para o Palco Santa Casa, a organização mostrou que todos ficaram a ganhar com estas surpresas, dado o ambiente que se viveu naquele recinto durante os dias 16, 17 e 18 de julho.

 

No primeiro dia, a música começou com Diana Martinez & the Crib, seguindo-se Capicua, a rapper que a jogar em casa mostrou como se tem imposto dentro do género, sempre acompanhada por M7 (Marta Bateira). A inaugurar o palco principal estiveram os também portugueses Bind Zero, que começaram a aquecer o público para os grandes momentos esperados noite dentro. John Newman, vindo de uma pequena cidade no UK e com muita energia reuniu condições para o primeiro “coro” da noite ao som de “Love Me Again”. Seguiu-se John Legend, o concerto mais aguardado da noite, que não desiludiu. O recinto do maior festival do norte do país encheu-se para cantar “All Of Me” com o norte-americano que ora se sentava ao piano, ora pegava no microfone. A noite acabou com saldo positivo e boa onda reggae a cargo de Richie Campbell.

 

O segundo dia começou mais uma vez no palco Santa Casa com Koa, seguida de Jimmy P a animarem o final de tarde junto ao Douro. O palco Meo abriu com prata da casa ao receber a jovem Kika e assim continuou com Miguel Araújo, que conseguiu aquecer o público para o que ainda estava para vir. Quando Lenny Kravitz subiu ao palco, hipnotizou o Cabedelo com o seu talento e energia, naquele que foi o concerto mais longo dos três dias deste festival. Para terminar a segunda noite, os Buraka Som Sistema conseguiram fazer dançar até os mais tímidos com mais um poderoso concerto.


No terceiro e último dia os Like Us e Deau atuaram no palco secundário, que esteve sempre bem composto no que a púbico diz respeito. O trio português The Black Mamba deu o pontapé de saída para a última noite do Marés Vivas e preparou o público para receber a fadista Ana Moura, que, apesar de não ser uma aposta comum conseguiu convencer os presentes. Depois seguiu-se o jazz do britânico Jamie Cullum, sempre enérgico, que confessou ao público ter tido duas namoradas portuguesas e ainda teve tempo para cantar os parabéns a uma das fãs presentes. Sem dúvida, um concerto que não deixou ninguém indiferente e deu o mote perfeito para o que se previa ser um final em grande. O trio irlandês The Script mostrou o porquê de tocar nas rádios portuguesas e proporcionou um espetáculo que deixou ao rubro um recinto, mais uma vez lotado. Finalizaram dizendo que gostariam de estar presentes, novamente, na próxima edição, que de resto já tem data marcada para 14, 15 e 16 de julho do próximo ano.

 

Foram assim, três dias extremamente animados, de casa sempre cheia e uma aposta ganha por parte da organização que diz ter sido a melhor edição do festival até então, pretendendo continuar a surpreender o seu público nas próximas edições.

 

Texto e fotografia: Andreia Peixoto e Diana Afonso

Sumol Summer Fest 

A 7ª edição do Sumol Summer Fest decorreu com temperaturas a condizer com o tipo de festival e num clima de festa à beira mar, contando com a presença de cerca de 24 mil pessoas durante os dois dias (mais 2 mil que no ano anterior), segundo a organização.

 

Este ano os festivaleiros tiveram direito a algumas surpresas: um recinto maior, um palco secundário apelidado de “Sound Academy” e festa em Ribeira d’Ilhas que começava ao início da tarde e proporcionou uma grande diversidade de actividades, como as “aulas à la Blaya”, djs até ao sunset e aulas e campeonato de surf.

 

A organização esteve focalizada nas questões de segurança, sustentabilidade e bem-estar: melhores acessos e área de estacionamento; acessos de mobilidade reduzida preparados; cumprimento da alteração à lei do alcóol (com os jovens, com mais de 18 anos, a terem carimbos que permitiam consumir álcool) o que resultou numa experiência a que levou que os próprios festivaleiros sentissem este festival como sua responsabilidade, levando a que este tivesse também menos lixo.

 

 

Quanto à parte musical, o público mais ansioso teve direito a uma “welcome party” com Knife Party como  ponto alto da noite que serviu para dar o mote a um festival que apresentou, não só o reggae do costume, como também um Pop mais eletrónico e Hip Hop. No primeiro dia passaram Agir, B4, Dj Ride, Buraka Som Sistema, a sueca Tove Lo que impressionou pelos seus dotes em palco, captando a atenção dos presentes (sem ter que mostrar o peito, como no último Rock in Rio USA) e o jovem americano Chance The Rapper, que animou os fãs do hip hop com toda a sua energia, mostrando porque é um dos rappers mais falados do momento. O reggae abriu e fechou a última noite, começando com um tributo a Bob Marley e terminando com a 3ª participação de Richie Campbell. Pelo meio passaram: o duo de rappers originários de Detroit, Slum Village, que voltaram a animar os amantes do hip hop; os australianos The Cat Empire surpreenderam pela habilidade e qualidade musical com um misto de jazz, folk, ska e rock e encheram o palco com uma grande diversidade de instrumentos característicos de todas estas influências musicais e os Rudimental, que se apresentaram em formato live pela 1ª vez em Portugal, proporcionando uma das maiores enchentes do festival. 

 

Texto e fotografia: Andreia Peixoto e Diana Afonso

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