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REPORTS

 

LXM Festival

A marca LX Music tem uma programação anual com vários eventos e academia ligada ao Techno já de vários anos. Com festas, matinés e eventos especiais esta entidade foi crescendo e especializando-se e por isso foi altura de arriscar e realizar um festival com duração de três dias. Por lá passaram 26 atuações de djs e coletivos nacionais e internacionais que lotaram o recinto definido (um dos pavilhões da FIL) em vários momentos das noites e madrugadas, destacando-se Boris Brejcha na primeira noite. Foram mais de 12 horas de música (por noite) para os ouvidos em regime non stop num público dividido entre alfacinhas, advindos de outras zonas do país e muito público internacional. O ambiente foi de natural festa numa organização que apostou em dar todas as comodidades ao público – muitos bares, zona de food court com diferentes opções e até testes de verificação de drogas em parceria com a Kosmicare. Um recinto preparado para 1000 pax em simultâneo que tem tudo para crescer em futuras edições.

 

Até lá ficam as festas da marca que tem a próxima marcada já para a passagem do ano!

Créditos: Texto e Fotografia - Ricardo Bramão

Super Bock em Stock

O Super Bock em Stock comporta-se e age como um festival de Inverno e sabe bem verificar a entrada do público nas várias salas fugindo do frio das ruas da principal artéria da capital para verem artistas consagrados mas a grande maioria desconhecidos, ou seja, à espera de serem surpreendidos.

 

Neste festival o público procura boa música, quer dançar e quer festa e interação com os artistas. Ao longo de dois dias viram-se concertos e salas esgotadas e filas à porta, como para Balthazar no Cinema São Jorge, Slow J no Coliseu e Josh Rouse no Tivoli. Um festival que não tem agora apenas os sons Indie mas sim uma vertente hip-hop e suas influências já muito identificada no cartaz que faz com que existam dois tipos de público no festivals: os melómanos (mais individualistas ou a pares) e os que seguem os sons urbanos (em grupos) mas que partilham a mesma vontade de “viver” este festival.

 

Venham mais edições deste evento onde se descobrem os artistas que vão atuar nos anos seguintes pelos grandes palcos nacionais.

Créditos: Texto e Fotografia - Ricardo Bramão

EA Live

A edição do EA LIVE Lisboa 2019 decorreu no passado sábado dia 12 de outubro no Campo Pequeno. Foi um evento em torno do conceito “fastfest” o que tornou tudo mais fluido e épico. Sete bandas com atuações de 40 minutos. Vários DJ set de 20 minutos, enquanto decorrem as mudanças de palco. Sem dúvida um conceito organizado e confortável para o publico que aguardava ansioso por cada banda.

Os bilhetes trocados por pulseira ofereciam total liberdade para o público circular e poder escolher as suas atuações favoritas e também poderem circular entre bancadas e plateia em pé.

De banda em banda, a saltitar de 40 em 40 minutos, foram assim as intensas 8 horas de boa música e grandes momentos, momentos desde o Joaquim Albergaria dos Paus a dançar de um lado ao outro do palco de toalha na mão, a intensa despedida da banda Diabo na Cruz ao público emocionado ao som de Capitão Fausto.

O EA live contou com alguns convidados especiais como Gisela João e NBC a dar voz as batidas e melodias bem nacionais trazidas pelo Sterossauro e a banda “Bairro da Ponte”. Um conceito que vem para ficar, esperamos!

Créditos: Texto e Fotografia - Diogo Costa

Festival Iminente

Definição de urbano futurista: Iminente. Foram 4 dias em que o urbano se cruzou com a natureza, num reaproveitamento e respeito pelo espaço e em que a música até fica para segundo ou terceiro plano. Em primeiro surge a particularidade do local e ambiente criado pela organização, em segundo a arte urbana e só depois a música, diversificada, orgânica e perfeitamente enquadrada. 

 

O Iminente é um festival com olhar para o futuro, em que a experiência é rainha. E a experiência é boa, desde a qualidade e frequência dos shuttles até ao impacto da chegada ao recinto perfeito para acolher um festival assim. O preço das bebidas não dá para grandes perdições mas o público entretém-se com o muito que há para ver, sentir e ouvir. 

 

É um festival para público mais maduro e que educa as novas gerações levando-as a absorver cultura e outras formas de arte que não as expressas pela música, de forma orgânica, aqui foi possível ouvir dissertações poéticas, debates, battles e live painting. À partida o recinto poderia parecer curto para receber mais de 5000 pessoas por dia mas neste Iminente tudo é pensado em altura (todo o espaço do antigo Restaurante panorâmico, 5 pisos, são corretamente preenchidos naquele edifício que pareceu estar em permanente mudança e que ganhava nova vida com o cair da noite) e não no convencional dos restantes festivais. Aguardamos pela próxima edição, seja em Lisboa ou algures pelo mundo.

Créditos: Texto e Fotografia - Marta Azevedo

Lisb-On

O festival com mais gente divertida (e gira) por metro quadrado. O Lisb-On já cumpriu seis edições e o jardim encontra-se já numa fase de verdadeira maturação. O festival apresentou-se em 2019 com mais palcos (são agora três: Principal, Carlsberg e o Tree House – por onde os artistas do line-up eram anunciados na comunicação prévia do festival), mais sustentável e com mais serviços ao dispor dos público (e.g. uma zona de casas de banho cuidada, zona de crianças com atividades permanente, stands de parceiros e estruturas com materiais ecológicos, copos reutilizáveis e a quase integral substituição de papel/cartão pelos meios digitais no recinto).

 

Ao entrar no recinto vemos que ele cresceu, tem espaços verdes mais aproveitados e obriga agora a que o público esteja ele a conversar no bar, no food court ou nos stands com ativações a estar sempre virado para o palco principal. É então um jardim podado que cresce a olhos vistos no recinto mas que se multiplica com várias ações paralelas em que a pulseira deu acesso a descontos ou entradas gratuitas em restaurantes, exposições, eventos e afterparties.

 

Quanto às atuações, foram aquelas ao por do sol que tiveram mais impacto e público, como as do Masters at Work, Octave One e da britânica Róisín Murphy com uma atuação em formato banda. Está marcada nova edição para 2021 e é bom ver este produto português a ser partilhado para os nossos e a muito público internacional também.

Créditos: Texto e Fotografia - Ricardo Bramão

Extramuralhas

“Durante 3 dias ficámos mais ricos”. Leiria assumiu-se, durante 3 dias como cidade gótica apresentando-nos a 10ª edição do festival Extramuralhas. Pelo segundo ano consecutivo deixámos o castelo e voltámos a abraçar a baixa da cidade e, exclusivamente, o Mosteiro da Batalha onde se deu início ao festival com o concerto superlotado, emotivo e memorável dos italianos Ashram.  Mais tarde abrimos portas ao Teatro José Lúcio da Silva para assistir à estreia nacional dos franceses Skáld que nos proporcionaram uma autêntica viagem ao universo medieval escandinavo, passando até ao Stereogun onde o post-punk arrebatador dos canadianos Actors colocou toda a gente ao rubro.

 

Já o segundo dia teve vários highlights como o caso do concerto de fim da carreira dos belgas Siglo XX e os ingleses Test. Dept que nos concederam uma sonoridade Industrial do mais puro possível. Seguimos em frente para o Jardim Luís de Camões onde pudemos contemplar uma cidade em total ascensão gótica seguindo o mote do festival à regra. Neste espaço atuou Henric de la Cour e também Light Asylum que sem dúvida foi um dos pontos altos da noite. No Stereogun estrearam-se os italianos The Light Asylum.

 

Como diz o ditado popular que o que é bom acaba depressa, chegamos rapidamente ao último dia do festival que se iniciou com os franceses Meta Meat em pleno Museu de Leiria. O destaque maior do Extramuralhas aconteceu com os californianos She Wants Revenge que sem dúvida proporcionaram o concerto mais marcante e aplaudido desta última edição de Extramuralhas. Chegando ao Jardim, os Black Nail Cabaret levaram-nos numa viagem synth-pop e os suecos Wulfband agitaram os nossos esqueletos com a sua sonoridade EBM (Electronic Body Music).

 

Chegou ao fim mais uma edição de Extramuralhas que contou com 14 bandas internacionais. Obrigada à Fade-In que nos proporcionou mais uma edição incrível e que, esperançosamente, irá proporcionar muitas mais.

Créditos: Texto - Filipa Gaspar | Fotografia: Diogo Costa

Vodafone Paredes de Coura

Vodafone Paredes de Coura, o festival português nascido em 1993, voltou a reluzir entre 14 e 17 de Agosto de 2019. Prosperando sem interrupções há 27 anos, o festival ocupa a Praia Fluvial do Taboão em Paredes de Coura. É singular não só pela sua beleza, mas também pela qualidade, cuidado e fieldade às suas origens, que são a música alternativa. Não se pode falar de Paredes de Coura sem referir a sua formosura. Os espaços verdes intersetados pelo rio Coura e a sua aparência bucólica tornam obrigatório o arrebatamento à primeira vista e o encanto continua até ao recinto composto pelo Palco Vodafone.Fm e o Palco Principal que é um autêntico anfiteatro moldado pela natureza. A vila, alegre com decorações festivas recebe de mãos abertas os visitantes uma semana antes para “O festival sobe à vila” por onde subiram artistas como “Filipe Sambado & os Acompanhantes de Luxo”, “The Parkisons”, “Blasfémia” ou “Ângela Polícia”. E ao descer avista-se o campismo onde se erguem tendas sobre a relva, enquanto outros campistas já instalados aproveitam a tarde na praia para dar uns mergulhos, descontrair nas toalhas com os amigos ou aproveitar os concertos, workshops de yoga ou debates no palco “Jazz na Relva”. A Restauração e casas de banho estão espalhadas entre o campismo, o recinto e a vila e apesar de todas as escolhas é difícil não surgirem filas.  Ao final da tarde os concertos começam.

 

 Dia 14 foi o dia de abertura do recinto, e que bom começo. Se Julia Jacklin e a sua doce voz tornaram a tarde num sonho indie/folk e Boogarins num sonho psicadélico, Parcels imergiram o palco principal numa pista de dança. Mais tarde, The National, melancólicos e maturos e os KoKoKo!, que cortaram a neblina com ondas de calor e padrões energéticos. No segundo dia os bons momentos não faltaram com nomes como Boy Pablo, Car Sear Headrest, Acid Arab, Capitão Fausto, mas quem mais brilhou foram os lendários New Order, visionários e enigmáticos comoveram Paredes de Coura homenageando os eternos Joy Division. No dia 16, o rock em velocidade dos Black Midi, e a beleza sonora de Connan Mockasin sobressaiu, sem esquecer Father John Misty, Spiritualized ou Deerhunter. Último e único, dia 17 trouxe-nos Freddie Gibbs & Madlib, Sensible Soccers, Flohio, Kamaal Williams, Suede, Mitski e a sua supreendente sinceridade em palco e o concerto emocionante de Patti Smith, sábia ardente e cheia de palavras que sabem a liberdade.

 

Sem dúvida que a 27º edição do Festival Paredes de Coura trouxe momentos inigualáveis associados ao celebrar da vida, da natureza e da música, que além de belos, vão deixar saudades.

Créditos: Texto e Fotografia - Cláudia Fernandes

Bons Sons

"Bons Sons sempre em Bons Tons" | A décima edição do Festival Bons Sons presenteou-nos, uma vez mais, com uma programação eclética e desafiante, composta por artistas conceituados e novas esperanças do panorama musical português, proporcionando aos visitantes da aldeia de Cem Soldos uma experiência artística inesquecível. Esta edição fica também marcada pelos duetos mais ou menos improváveis entre os artistas Joana Espadinha e Benjamin, Lodo e Peixe, Noiserv e First Breath After Coma, Glokenwise e JP Simões, Sensible Soccers e Tiago Sami Pereira ou Sopa de Pedra e Joana Gama. Outra presença que não estaria prevista mas que acabou por proporcionar o momento mais emotivo do concerto dos Diabo na Cruz foi a de Carlos Guerreiro, um dos mentores dos Gaiteiros de Lisboa.

 

O palco com curadoria da Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, apesar de ser um dos palcos mais pequenos, acaba por ser aquele que é mais representativo do espírito do festival, onde a música tradicional Portuguesa tem maior destaque. “Bons Sons X, uma Aldeia em Manifesto” é o nome da publicação comemorativa apresentada ao público no primeiro dia de festival por Luís Ferreira, diretor artístico do festival. Através da parceria com a Materiais Diversos, o auditório da aldeia foi espaço de aprendizagem de diferentes danças e ritmos. É possível conhecer “Cem Soldos, por detrás do Bons Sons”, onde Ana Bento e Bruno Pinto guiam os visitantes pelas ruas da Aldeia, num passeio pela história da Aldeia, o que permite perceber que a noção de comunidade e espírito de partilha cultural tem origem nas gerações que antecederam à que, agora, organiza este festival. Quem faz a visita não esquece e recomenda Ao longo dos dias de festival, houve tempo para mais de 50 espetáculos, dança, debates com a curadoria da plataforma Fumaça, conversas e muito convívio. A imagem que fica é a de que a cada esquina hà um encontro, partilha de saberes e de música. Muita música portuguesa.

 

Créditos: Texto - Tiago Luís | Fotografia - João Azevedo

FMM Sines

Ir ao FMM Sines é como dar a volta ao mundo e este ano não foi exceção. Ao aproximarmo-nos do centro histórico ainda longe dos palcos, a vila, envolvida em música, espetáculos de rua, artesãos, artistas e comerciantes enche-se de vida. No percorrer das ruas pode-se desfrutar de uma utopia visual onde famílias e amigos das mais variadas nacionalidades, falam, criam e exploram o festival com alegria.

 

O FMM Sines apresenta-se a si mesmo como “um serviço público cultural povoado por espectadores-descobridores” onde além do campismo gratuito e atividades ao ar livre como workshops ou aulas de dança, alguns dos concertos também são gratuitos espalhados entre o Palco Avenida Vasco da Gama ou o Palco Principal no Castelo de Sines. Durante o dia há muito a fazer, entre visitar o Centro de Artes de Sines ou ver os concertos no castelo, a escolha de eleição é a praia que se enche até ao por do sol. Quanto à comida... há muitas escolhas. Para os amantes da gastronomia regional as Tasquinhas e os restaurantes da vila são a melhor escolha e para quem está com pressa pode sempre experimentar as variadas roulotes espalhadas pela vila, havendo muitas opções vegan! São utilizados eco-copos e o plástico é evitado. E como nada é perfeito ainda existem algumas dificuldades nas horas em que o recinto está mais cheio, gerando filas para as casas de banho e outros serviços como o multibanco.

 

À noite a vila transforma-se numa fábrica de sons, as portas do castelo abrem-se e para quem não vai entrar pode sempre festejar do lado de fora, já que o festival disponibiliza ecrãs espalhados no centro histórico que transmitem os concertos para todos os visitantes e depois é só esperar pelos concertos do palco da praia. Para quem entrou no castelo, não há nada a apontar sobre a acústica, uma experiência fantástica é garantida. Além de artistas nacionais como Branko ou Virgem Suta viajámos ao ritmo de nomes como Inner Circle da Jamaica, Gipsy Kings de França, Omar Souleyman da Síria ou ainda Ladysmith Black Mambazo da África do Sul (que nos fizeram acreditar no coração humano). Kokoroko que significa ser forte e ainda outros projectos brilhantes nascidos da mistura entre culturas, como Antibalas (Afrobeat e Nova Iorque), Batida Apresenta: Ikoqwe de Angola e Portugal cobertos de palavras fortes e valores tatuados no espírito do festival. Mais que cultura, o cartaz do Sines traz-nos a evolução da música e faz-nos esquecer as fronteiras e amarguras lembrando que aonde há humanidade, há amor e arte.

 

Créditos: Cláudia Fernandes

Super Bock Super Rock

É costume dizer-se "Nunca voltes a um lugar onde já foste feliz", mas o Super Bock Super Rock (SBSR) decidiu regressar a um local onde jorrou felicidade por todos os amplificadores. O mais nómada dos festivais portugueses cansou-se de ser citadino e voltou à Aldeia (do Meco) para 3 dias de sol, música e... algumas notas! 

 

A alteração do recinto para a zona do antigo estacionamento (das edições anteriores do SBSR quando ocorreu no Meco) pareceu lógico, natural e bastante positivo: o espaço é amplo e os palcos estão todos visíveis, de modo que o caminho que se faz entre eles, por forma a ver determinada banda, seja fácil. Em relação ao som, nada a declarar sobre este importante tópico: nível certo, tudo afinado, sem distorções, sem reverves, como manda o figurino! As activações de marcas pulsavam pelo espaço de forma sustentável, sem ficarmos com aquela sensação de "poluição visual" que existe noutros festivais, e cativaram os festivaleiros por serem originais. O food court, contudo, poderia ter mais opções e e de comida saudável. Grande destaque para os eco-copos que vieram para ficar e saudar a iniciativa do festival em autorizar a entrada de copos de edições anteriores no recinto -  na área de imprensa os plásticos foram substituídos por madeira e cortiça. A Sociedade Ponto Verde ajudou também na recolha de lixo de diferentes origens como papéis e embalagens.


As críticas são apontadas aos acessos e nova zona de estacionamento. Há detalhes que a organização de um festival, que por muito que tente, não consegue contornar: acessos inexistentes ou insuficientes. Só existe uma estrada de acesso ao festival e com uma afluência de 30 000 pessoas no primeiro dia, parte da estrada fechada por razões de segurança e circulação de veículos de urgência, as chegadas foram demoradas. Após o primeiro dia a organização teve a capacidade de reagir e alterar alguns dos problemas, colocando sinaléticas identificativas no espaço de estacionamento (para referências visuais e facilidade em encontrar os veículos), maior iluminação e alterando o sentido e a forma de acesso que facilitou as entradas e saídas do festival. 

 

E a música? O Meco recebeu concertos memoráveis, destacando desde já três homens da terra - Dino d' Santiago, Branko e Conan Osiris - que brilharam tanto como a estrela-maior, bem visível nas 3 noites no céu do Meco. Lana Del Rey, Jungle, Phoenix, a bombástica Christine & the Queens, FKJ, Profjam e Migos foram alguns dos concertos mais entusiastas, sendo que o bom ambiente e a boa música foram borbulhando durante todo o festival. Parece certo o SBSR, à beira-mar, com aquele pôr-do-sol, com aquele público e sim, é possível voltar a ser feliz onde reside a felicidade. Para o ano há nova edição no Meco  de 16 a 18 de julho.

 

Créditos: Tatiana Mota | Fotografia: Marta Azevedo

Cistermúsica

Tivemos a sorte de estar presente no dia nonstop da edição de 2019 do Cistermúsica (com programação contínua durante 9 horas), um festival que já tem 27 edições e que ao longo de um mês coloca atividades espalhadas por vários locais: Alcobaça (a grande maioria nos vários espaços do Mosteiro da cidade e de onde o festival é originário); Leiria; São Pedro de Moel; Coimbra; Évora; Peniche entre outras. É por isso um festival que extravasou a cultura de um local para levar um conceito pelo país aproximando o público de músicas e outras disciplinas artísticas mais clássicas e eruditas.

 

Vimos concertos de Rão Kyao com Lu Yanan, Camané com Mário Laginha e bailado da Companhia de Dança de Almada. Os concertos deram a conhecer diferentes espaços do Mosteiro de Alcobaça e além de excelentes interpretações e acústica proporcionadas pelo local - notámos o respeito do público pelos artistas e o seu silêncio antes, durante e depois dos espetáculos dando a ideia de uma correta ligação e encaixe do local e experiência única que foram estes momentos musicais. O bailado finalizou este dia e permitiu quase que fazer uma súmula do dia, pois o público era obrigado a estar em trânsito constante entre espaços e conhecer assim de outra forma o Mosteiro.

 

Ficou a ideia de apenas termos visto uma ínfima parte do festival (o que trás um sentimento de querer voltar rápido) que vive muito da proximidade do artista com o público (não se criando barreiras, até porque este respeita as interpretações artísticas) e de atuações únicas em várias áreas da cultura que dão novas razões para visitar os espaços da história de Portugal e com excelente acústica para as interpretações. Não há pressas neste festival mas tudo se realiza no tempo programado não se defraudando expectativas, antes pelo contrário!

Créditos: Texto e fotografia - Marta Azevedo

Musa Cascais

Na sua 21˚ edição, o Festival Musa Cascais veio para reforçar ainda mais a mensagem que tem passado nos últimos anos: de que é o sítio perfeito para ouvir os melhores nomes do reggae mundial de uma forma justa, com muita beleza natural, sol e respeito com o meio ambiente.

 

Artistas como Maneva, Mato Seco, Dub Inc, Capleton, Morgan Heritage, Fantan Mojah, Orlando Santos e Horace Andy passaram pelos palcos com ritmos dos quatro cantos do mundo e animaram o público, que aproveitou os dias de muita música e calor em um clima familiar e repleto de boas vibrações.

 

Entre um concerto e outro, famílias e grupos de amigos sentavam-se na relva, brincavam, compartilhavam as suas refeições e todos respeitavam-se não só um ao outro, como o sítio em que estavam e a natureza. Copos reutilizáveis substituíram os de plásticos descartáveis. Não se via lixo no chão e todos cuidavam do espaço compartilhado para que quando cada atração subisse ao palco, a única preocupação fosse a música.

 

O bom comportamento do público foi retribuído com performances de tirar o chapéu. Além de clássicos, em que todos cantaram juntos, muitos artistas trouxeram novidades para os palcos, além de discursos pregando amor, paz, respeito ao próximo e alertando a abusos políticos, como no Sudão.

 

Um final de semana para ficar na memória das centenas de famílias e amigos que compartilharam dois dias de muita luz em Carcavelos e que, com certeza, estão ansiosos para o próximo ano!

Créditos: Texto e fotografia - Hares Pascoal

Festival Med

São já 16 edições de Med e do melhor da World Music concentrado em quatro dias consecutivos por ano. A edição de 2019 começou com uma Talk moderada pela APORFEST onde se discutiram as ligações e simbioses entre música e cinema nas várias disciplinas culturais atuais, com Rui Pedro Tendinha (curador do Cinema Med), Rodrigo Areias (realizador de alguns filmes na programação) e Carlos Carmo (vereador Mun. Loulé). Para este ano as novidades foram várias: desde concertos o ocorrer em simultâneo por vários palcos; inovação na sustentabilidade ambiental com papeleiras compactadoras alimentadas a energia solar, depósito de beatas e pastilhas interativas com o público; um novo palco que deu uma perspetiva de colina e que permite albergar os maiores fluxos de público; até novas zonas de comércio.

Uma edição com enchentes todos os dias que prova a maturação do festival e que coloca Loulé no mapa dos grandes festivais anuais portugueses. Ir ao Med é uma experiência desde o momento de entrada até ao momento de saída - somos convidados a tirar recordações fotográficas; a ver o merchandising oficial; a sentir os cheiros e as comidas do Algarve e região do Mediterrâneo; ouvir fado com artistas locais; ser surpreendidos por atuações de motards expressadas em castanholas; ver exposições; assistir às raízes de trabalho ancestrais do Algarve e a saber assim os factos históricos e diferenciadores do Município responsável por este festival; sermos alvo de experiências imersivas entre teatro e humor a qualquer momento e muito mais.

O evento apostou este ano numa forte comunicação, prévia, a nível  nacional e internacional para conseguir expressar aquilo que é a sua essência e este ano a mescla de músicos e estilos musicais do mundo com portugueses manteve-se destacando-se os concertos de Marcelo D2, o conterrâneo Dino d'Santiago, Baba Zula e Mellow Mood. Saímos com dores nos pés porque não tivemos nenhum momento sentados, mas saímos com um sorriso largo porque quando parámos por algum momento fomos interpelados para interagir com algo, quando circulámos pelo recinto existiu sempre algo novo que nos alertou e isso potenciou e valorizou a experiência enquanto consumidor. Este é um festival que verificamos também o cuidado na sua organização (e.g. pontualidade dos concertos, informação disponível ao público) e a capacidade de melhoria constante e que por isso nos faz ansiar por 2020!

Créditos: Texto - Ricardo Bramão | Fotografia - João Azevedo

NOS Primavera Sound

Começou a 6 de Junho o NOS PRIMAVERA SOUND no Parque da Cidade, Porto, mas a Aporfest só visitou o festival a 8 de Junho, numa noite dominada pelo sexo feminino, com artistas como a portuguesa Lena d’Água, a espanhola Rosalía, a americana Erykah Badu ou a russa Nina Kraviz.

 

À chegada é possível constatar vários tipos de público, não só de muitas nacionalidades, mas também de diferentes estilos, devido à grande variedade de estilos musicais que compuseram o eclético cartaz desta edição, viajando entre Pop, R&B, Techno ou Punk Rock.

Lena d’Água e Primeira Dama com a Banda Xita no Palco Super Bock e o tropical O Terno no Palco Seat trataram de abrir o festival neste dia. Não podia ter começado melhor! O ícone do Pop-Rock português, Lena d’Água juntou-se a Primeira Dama num concerto que uniu gerações com um ponto em comum, o gosto e respeito pela música pop portuguesa. No palco NOS o primeiro concerto foi dos Hop Along, uma banda Americana de Indie Rock marcada pela distinta voz de Frances Quinlan. Jorge Ben Jor autor de músicas como “País Tropical” e “Mas que nada” seguiu no alinhamento do palco principal e conquistou todo o público que o assistia com uma grande festa ao som dos seus ritmos brasileiros altamente dançáveis. Seguiu o fenómeno do momento Rosalía, com a sua visão futurista que junta o flamenco à música pop, num concerto pensado ao pormenor para prender a atenção e surpreender todos aqueles que assistem. Erykah Badu (a “Afro Queen”) voltou a provar porque merece este título, com um poderoso concerto onde não só brilhou a sua voz conhecida já por muitos, mas também o seu sentido de humor, mantendo diálogos criativos com a sua banda e com quem assistia ao concerto. No palco Primavera Bits brilhou Nina Kraviz com as suas fortes notas graves que fazem tremer o chão que a rodeia, num concerto que estava marcado para as quatro da manhã, um horário pouco comum num festival, tornado possível pela utilização de um armazém transformado de forma brilhante e surpreendente no que parecia ser uma enorme discoteca.

 

No que toca a condições para os festivaleiros, o Nos Primavera Sound brilhou nesta edição. As casas de banho, mesmo sendo partilhadas entre sexos, eram limpas e de qualidade superior ao que é habitual neste tipo de festivais. A escolha para refeições era variada, existindo duas zonas de restauração (sendo uma de street food) com muitas mesas e áreas cobertas disponíveis para que os festivaleiros pudessem comer confortavelmente. Adicionalmente era também possível fazer pedidos Uber Eats dentro do festival, levantando as encomendas poucos minutos depois numa área privilegiada do recinto do festival. Pelo recinto era também possível encontrar equipas patrocinadas pelo Município do Porto a distribuir água de forma gratuita. A segurança foi também tida em conta com uma forte presença de equipas de segurança privada, bombeiros e policias. Fica também demarcada a preocupação do festival com o meio ambiente, pela grande quantidade de caixotes do lixo espalhados pelo festival (incluindo ecopontos), a utilização de copos reutilizáveis e a existência de parques de estacionamento exclusivos para veículos elétricos, onde era até possível carregar o carro enquanto se visita o evento.

Créditos: Texto e Fotografia - João Azevedo

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