15 meses depois - O setor Cultural continua a ser prejudicado pelo Governo. Porquê?
Passaram mais de 15 meses após o início da pandemia que colocou todo o setor cultural mundial parado mas se olharmos para o presente verificamos já uma retoma em grande parte do globo nomeadamente Europa, EUA, Canadá, Austrália - onde a vacinação atinge já uma grande percentagem dos habitantes - ao invés do que se verifica em Portugal e onde o trabalho conjunto entre as entidades governamentais, promotores e médicos não foram vistos com caráter de aplicação imediato.
Créditos - Joana Lisboa (Evento Teste-Piloto Braga)
Na última reunião com Min. Cultura e Direção-Geral da Saúde fomos surpreendidos com um "problema técnico" que afetou o controlo dos resultados do público presentes nos 4 Eventos Teste-Piloto efetuados entre final de abril e início de maio. Eventos que serviriam, na teoria, para aliviar restrições do setor cultural nomeadamente no funcionamento de espetáculos e festivais mas que foram ações que apenas se transformaram em custos para quem os produziu e numa pura perda de tempo - pior que isso foi a informação 45 dias depois deste problema, quando o mesmo poderia ter sido agilizado mais cedo. Eventos suportados de forma privada e por parceiros sem qualquer apoio governamental (perante o investimento feito em termos financeiros e de trabalho) que contrariam o que é um normal procedimentos nesta tipologia que visa dar dados científicos e por isso devia ser olhado de forma profissional e rápida por parte de quem nos dirige.
Não podemos dizer que esta foi a "gota de água" pois já utilizámos esta expressão e continuamos sempre com a esperança de que o setor possa ser retomado à luz da atualidade. Deixamos por isso algumas questões:
1. Porque é que o setor cultural é o único em que uma testagem terá de ser obrigatória (segundo desígnio do último Conselho de Ministros)?
2. É mais perigoso estar atualmente num evento com as atuais medidas do que num supermercado, transporte público ou restaurante?
2. Porque é que a testagem, sendo obrigatória, não é suportada a nível público tal como noutras cidades e países permitindo assim que os fluxos de público (nomeadamente internacional e turístico) possa existir?
3. Porque é que olhamos para a pandemia como se estivéssemos em 2020 e não tenhamos sabido evoluir e conseguir reorganizar procedimentos e analisar dados que permitam uma evolução do setor?
4. Porque é que a testagem é obrigatória no único setor onde não existiram surtos (ao invés de unidades de logística, área ensino) e onde as regras aplicadas são acima de qualquer outro setor?
5. Porque é que todas as recomendações dadas por nós (APORFEST) e outras entidades presentes em grupos de trabalho não são realmente escutadas e aplicadas, não passando de uma mera formalidade este processo?
6. Porque é que não podem existir festas e romarias mas podem existir Arraiais travestidos a partir de partidos ou eventos excecionais (e.g. São João ao longo de todo o mês de junho no Porto)?
7. Porque é que se formos uma entidade internacional conseguimos realizar eventos com público e não ter obrigações de impostos e os promotores nacionais não acedem a estes mesmos benefícios?
Procuramos uma equidade e não podemos ser um setor continuadamente prejudicado (hoje até enterrado, não sabendo quando poderá reverter esta situação) não só pela pandemia mas pelo atual governo e por isso não podemos indicar, como pedido, um número a partir do qual os eventos têm de receber todo o público testado quando não foram analisados os dados dos Eventos Teste-Piloto e quando o número não representa qualquer grau de cientificidade. Somos a favor de uma testagem massificada mas coerente com outros setores e coerente com o desenvolvimentos económico e não com o caráter prejudicial atual que coloca o custo no público ou no promotor e que faz com que muitas vezes o custo deste novo item seja superior ao valor de entrada num espetáculo!
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