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A urgência imposta pela sustentabilidade, por David Figueira (diretor Eco-Kopo)

David Figueira fundou a Eco-Kopo – Soluções Ecológicas Para Eventos num momento em que a consciência do impacto ambiental é cada vez maior. Tanto os festivaleiros como os promotores vivem hoje com conhecimento deste impacto, vêm-se os primeiros sinais de mudança mas o caminho ainda é longo. A Eco-Kopo diz-nos que num festival de três dias, com uma afluência diária de 40 mil pessoas são usados em média 360 mil copos descartáveis, estes números já podem ser combatidos. Em entrevista à APORFEST fala-nos também do mais recente projeto da sua empresa, o Biatakí, um eco-cinzeiro de bolso que procura criar um novo movimento.

APORFEST – Tiago Fortuna (A): Ouvimos regularmente que o consumo nos festivais tem um enorme impacto ambiental. Podia desenvolver um pouco esta ideia com dados concretos?

David Figueira – (DF): É verdade. Os festivais, apesar da sua curta duração, têm um impacto ambiental enorme, devido à elevada concentração de pessoas, mas principalmente devido à inexistência de planos de sustentabilidade ambiental por parte dos organizadores e parceiros institucionais. Por exemplo, em 2014, a organização do Glastonbury precisou de recorrer a uma equipa de 800 voluntários para limpar as cerca de 12 mil toneladas de lixo deixadas pelos festivaleiros. É, na minha opinião, uma opção ilógica e inglória para todos os envolvidos. Por cá, o Out Jazz esteve perto de ser cancelado devido à poluição excessiva dos parques públicos por onde já tinha passado. Tal não chegou a acontecer devido a uma chamada de atenção pública do organizador e de outras iniciativas que foram postas em prática. Os festivais portugueses, no seu conjunto, desperdiçam anualmente milhões de copos descartáveis e milhares de toneladas de outros resíduos.


(A): Será que temos consciência destes resultados?

(DF): Sim. Temos notado que o público está cada vez mais consciente do impacto ambiental que um evento causa e das soluções ecológicas que já existem no mercado. Está também, muito recetivo à mudança, ou seja, disponível para mudar comportamentos e utilizar soluções sustentáveis como Eco-Kopos, cinzeiros de bolso, garrafas de água reutilizáveis, ecopontos e wc secas.


(A): Quantos copos se evitam desperdiçar com o uso do Eco-Kopo?

(DF): Depende da dimensão do festival e da abordagem do organizador. Mas vamos considerar que, em média, um festivaleiro consome 3 bebidas, num festival de 3 dias com afluência diária de 40.000 espectadores, será evitado o desperdício de 360.000 copos descartáveis. O uso do Eco-Kopo, permite a redução de 80% na produção de lixo, visto que o copo descartável é o principal resíduo de um festival. Consequentemente, a redução nos custos de limpeza é imediata!


(A): Como tem sido a recetividade dos festivais?

(DF): Tem sido muito positiva. Os organizadores de eventos e os seus parceiros têm mostrado grande vontade em mudar e fazer o upgrade ambiental. Portugal tem bons festivais, mas atualmente, para se tornarem nos melhores a nível mundial já não basta terem excelentes cartazes, infra estruturas e acessibilidades; É essencial adotarem políticas de sustentabilidade ambiental para reduzir a sua pegada ecológica e melhorar a experiência do público, artistas e colaboradores.


(A): Em quantos festivais se encontram neste momento, tiveram um crescimento este ano?

(DF): Já nos encontramos em 16 eventos, dos quais 5 são festivais de música. Estamos sempre a fechar novas parcerias e já chegámos aos quatro cantos do país. Recentemente "voámos" até aos Açores, integrando o movimento "Caneca das Borgas", criado por um grupo de cidadãos super motivados em promover o uso de canecas reutilizáveis nos festivais e festas do arquipélago. Estamos muito satisfeitos com o nosso contributo em ambos os arquipélagos (na Madeira em 2014), pois aqui, a gestão de resíduos é uma operação complicada, de grande risco ambiental e com custos elevados.


(A): Em que outro tipo de eventos estão a apostar?

(DF): Em feiras, festas universitárias, conferências e encontros nacionais, principalmente. É um mercado com bastante potencial e com grande interesse nos nossos produtos.Também queremos cativar as escolas, universidades, empresas e estádios de futebol, a adotarem o nosso conceito e produtos.


(A): Em que áreas têm encontrado resistência?

(DF): Nos concursos em que participamos, por exemplo. Não compreendo como é que em Portugal, os projetos que promovem um futuro sustentável, são muitas vezes descartados, postos de lado, principalmente se não apresentam uma componente tecnológica.


(A): Acreditam que a comunicação do impacto dos copos descartáveis e desta solução poderia mudar o paradigma existente?

(DF): Sem dúvida. É urgente mudar, a solução existe e tem várias vantagens. Para além das vantagens ambientais que já referi, o Eco-Kopo é considerado um dos melhores meios de publicidade para festivais, senão o melhor: é 95% personalizável, torna-se num objeto pessoal e indispensável e é guardado como recordação por 50 a 80% do público. Uma correta aplicação do Eco-Kopo no festival é financeiramente viável, podendo até dar lucro, se se explorar todo o seu potencial.


(A): Como se tem desenvolvido a vossa relação com marcas de bebidas?

(DF): Até ao momento, não iniciámos qualquer relação com marcas de bebidas. Acreditamos que a situação se modificará em breve, visto que, estas empresas são atores importantes na mudança que estamos a implementar.


(A): Como surgiu o biatakí e como tem sido a sua receção?

(DF): O Biatakí é um eco-cinzeiro de bolso, o nosso mais recente produto. Lançado este ano, no Talkfest, surgiu após a necessidade de desenvolver um 100% ecológico para a Festa do Outono na Herdade do Freixo do Meio. É fabricado em cana normal ou bambu e em cortiça. A sua receção tem sido fantástica, pois é um produto verdadeiramente ecológico, prático e apelativo. O nosso objetivo passa por desenvolver soluções e produtos que apresentem o menor impacto ambiental possível, desde a sua produção até à sua aplicação. Com o biatakí conseguimos atingir esse objetivo, evitando criar mais poluição para resolver um problema ambiental: a poluição causada pelas beatas de cigarro. O biatakí será, brevemente, mais que um simples produto. Será uma campanha global com o objetivo de mitigar o hábito de atirar as beatas para o chão e promover a reciclagem das mesmas.


(A): A APORFEST pode trazer benefício à indústria dos festivais de música?

(DF): Sim, claro que sim. Nós, Eco-Kopo, já sentimos esse benefício. A indústria dos festivais é enorme e sempre em crescimento. Uma associação como a APORFEST é importante para potenciar esse crescimento, criando relações entre os associados, oferecendo novas oportunidades e apresentando novos temas e desafios à indústria, como por exemplo, o da sustentabilidade ambiental nos festivais.

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