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O metal já leva mais de 27 edições e esgota. Entrevista: Thomas Jensen (Wacken Open Air)

Falámos com uma das pessoas mais influentes, carismáticas e importantes no mundo dos festivais, o diretor e fundador do Wacken Open Air (3-5 agosto, Alemanha), um dos maiores festivais de Heavy Metal do mundo e que se encontra esgotado, Thomas Jensen. Uma perspetiva internacional e que coloca o público como peça integrante e não distante da evolução do festival. Já não se fazem metaleiros assim!


APORFEST: O Wacken Open Air (W:O:A) tornou-se num dos maiores festivais de heavy metal do mundo. Este facto passou-lhe pela cabeça quando teve esta ideia em 1989?

Thomas Jensen: Não, não esperava claramente que tal acontecesse! As três primeiras edições do festival foram especialmente duras, encontrámos demasiados problemas, uma estrada com muitos buracos, mas depois fomos crescendo e fomos fazendo evoluir o conceito. Estamos muito agradecidos e só conseguimos chegar até aqui graças aos nossos leais fãs e toda a comunidade que rodeia o Wacken. No fundo tínhamos apenas uma opção, arriscar, e foi o que fizemos e resultou bem.


O W:O:A tem um número enorme de público internacional. Porquê? Têm uma estratégia definida para promover o festival internacionalmente ou simplesmente aconteceu?

Para o Wacken crescer tivemos a necessidade de o comunicar fora de portas. Claro que no início dos anos 90 o metal não era o mesmo que hoje. Estávamos então nesse caminho, da sua globalização! Mas eu e o Holger Hubner (o outro fundador do W:O:A) queríamos que este evento acontecesse e que não fosse apenas mais um pequeno festival do género. Devagar, fomos promovendo-o numa constante escala de crescimento, primeiro em Schleswig Holstein (localidade onde ocorre), depois nas províncias que a rodeia passando para toda a Alemanha e a partir daí descolámos. A palavra sobre o festival foi então espalhando-se na comunidade do metal e estamos orgulhosos e agradecidos à enorme quantidade de fãs que temos. Temos uma percentagem forte de visitantes que são constantes e nos visitam ano após ano e esta percentagem aumenta de ano para ano. Temos também um grupo muito especial de fãs que não perderem uma única edição dos 27 anos de história do festival.


Sabe quantas pessoas viajam de Portugal para o Wacken Open Air?

Da última edição tivemos 2,3% de metaleiros provenientes de Portugal!


É cada vez mais difícil ter novos cabeças-de-cartaz neste género de festival. Como estão a lidar com esta situação?

A música de metal é muito constante o que pode ser uma "benção" e uma "cruz" em simultâneo. Não nos importamos de ter bandas a atuar no Wacken de forma constante, especialmente se essas cresceram no e com o festival e comportam-se como uma grande família, aí temos todo o prazer de os voltar a convidar! Gostamos especialmente de voltar a convidar bandas que cresceram connosco, nomeadamente nos pequenos palcos do festival e que foram crescendo até headliners, como os Edguy ou os Avantasia. Claro que existem depois bandas que nos acompanham mas que estão a finalizar as suas carreiras, como os Black Sabbath.

Tentamos contrariar esta situação com iniciativas como a Metal Battle, que serve para constantemente se procurarem novas bandas que tentam fazer o ponto de partida das suas carreiras musicais e ficamos felizes por poder integrar as mesmas e dar a possibilidade de mostrarem o que valem connosco. Somos diferentes e o nosso maior objetivo é dar e proporcionar ao público atuações únicas e diferentes; não queremos um concerto comum em que somos mais um festival de uma tour das bandas. De tempos a tempos também encaixamos bandas que não são de metal mas que se encaixam na nossa filosofia - uma dessas performances únicas ou "fora da caixa" que nos orgulhamos mais foi na edição de 2015 com o concerto dos TSO e Savatage que atuaram em dois palcos, um próximo do outro, em simultâneo. O mais importante para o nosso festival é e será o público!


Como acha que o W:O:A crescerá nos próximos 5 anos?

É difícil de dizer essa. Vemos o Wacken como um organismo vivo que está em constante crescimento e mudança e tudo depende da interação da nossa equipa com o nosso público. Queremos é chegar no final de cada dia e sentir que fizemos o melhor e o necessário para manter o Metal vivo e próspero. Queremos que liguem o Wacken como uma história importante na música pesada e não apenas no metal, queremos a integração familiar neste festival.


Ainda existe alguma banda que gostava de ver no palco principal do Wacken Open Air um dia?

Claro que existem ainda bandas que quero ver no Wacken, como os Metallica, os Magnum e muitas outras que começam pela letra "M". Mas o mais excitante é percebermos que os futuros headliners serão aqueles que ainda não imaginamos e que podem já estar ou não no meio de nós e desta indústria.


O que é que o leva a realizar o festival ano após ano? Consegue ter tempo para viver o festival?


A minha principal motivação é produzir uma nova e diferente experiência a cada edição, é divertido conseguir novas maneiras de reinventar o festival. Atualmente temos uma grande equipa a trabalhar no Wacken e aprendi a ver que não posso nem consigo estar envolvido em tudo. Desde essa percepção que me sinto mais confortável a viver o festival e estar mais focado na integração da comunicação durante o festival e assim estar mais próximo dos jornalista e focado em os receber e ter também neste meio, importantes e sinceros amigos.



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