ENTREVISTA: A grande dimensão dos festivais de nicho, por Karla Campos (diretora Live Experiences)
Karla Campos é diretora da Live Experiences, promotora do Sumol Summer Fest, que começa hoje [2 de julho], e também do EDP Cool Jazz. Dois festivais de nicho, para públicos distintos. No mercado há mais de dez anos, Karla Campos falou com a APORFEST acerca do seu percurso e o posicionamento dos dois maiores festivais de nicho da zona de Lisboa.
APORFEST – Tiago Fortuna: O Sumol Summer Fest propõe-se este ano a atrair 40 000 pessoas, duplicando o número de espectadores. Porque fez sentido esta reestruturação?
Karla Campos: A 7a edição do Sumol Summer Fest (SSF) evoluiu, renovou-se para acompanhar as novas tendências: hip-hop, eletrónica, pop e também o reggae, os sons do verão e criar uma vez mais uma marca nos festivais de verão. Com um cartaz recheado de estreias em Portugal: Rudimental, Tove Lo, Chance The Rapper e tantos mais. Um festival que se alargou para 2 recintos, oferecendo de dia no SOUNDSET RIBEIRA DILHAS uma programação de música, surf e dança na Praia de Ribeira Dilhas e à noite, no ERICEIRA CAMPING, os grandes concertos. A fazer a ligação entre os 2 locais shuttles gratuitos dão apoio aos festivaleiros. Apostamos também num 2º palco dedicado á eletrónica e hip-hop nacional, o NOVO SOUNDACADEMY, apresenta também 2 projetos exclusivos no SSF, Beat Labby DJ Ride e na noite seguinte uma Curadoria de SAM THE KID.
Como nasceu a ideia de criar o EDP Cool Jazz?
Faltava um festival para as pessoas que gostam de assistir a concertos de verão ao ar livre, mas longe das multidões. Uma programação jazz, soul, blues. Um festival para um público mais velho, mais exigente, mas requintado, mais confortável. Um festival mais intimista, que privilegia os concertos individuais, a proximidade ao palco e aos artistas. Em espaços inusitados, históricos ou em contacto com a natureza, fora do circuito habitual.
O festival não é orientado para massas mas tem não só uma estável relação com grandes marcas como também uma comunicação competitiva. De que forma trabalham e se posicionam nestes dois campos?
Sendo um festival diferenciador por um lado, e premium por outro, torna-se atrativo para as marcas e para os meios de comunicação.
A que critérios obedecem na construção do seu cartaz?
Artistas de Jazz, Soul, Blues, Oldies, e algumas novas revelações. Artistas de renome nacional e internacional e de muita qualidade.
O público compra bilhetes diários mas já existiu a modalidade passe. Porque não existe uma modalidade de passe?
O público deste festival não procura por esse tipo de bilhete, porque vai a 1 ou 2 concertos só, não mais do que isso. Depois não é o conceito do festival e o público não procura por isso. Na 10ª edição lançámos um passe e confesso que não teve muita procura.
De que forma mudou a indústria da música para que hoje os cartazes sejam construídos da forma que os conhecemos?
A música hoje é universal e também as tendências, vivemos num mundo global. Não há fronteiras e tudo corre a uma velocidade gigante com o fenómeno da internet, por isso o que toca no resto do mundo, toca também em Portugal e com o mesmo sucesso, prova disso são os tops de cada cidade, todos similares.
Porque cresceram tanto os festivais de música em Portugal?
O fenómeno da internet, do livestreaming de música fez com que os artistas deixassem de vender música/cds, por isso andam constantemente em tournée e Portugal não é excepção, logo este crescimento exponencial de concertos e festivais.
Em retrospetiva do seu percurso profissional o que encontra de mais singular que pode ser trabalhado neste mercado?
Festivais de nicho, aliás a minha especialidade!
O associativismo e a promoção de ações de reunem os diferentes stakeholders da indústria poderão trazer benefício à indústria dos festivais de música?
Sem dúvida! Sou totalmente apologista do associativismo, das parcerias, se não fosse assim não teria o EDPCOOLJAZZ e o SUMOL SUMMER FEST!