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Porque é que os concertos deixaram de ser divertidos?

De forma amiúde verificamos artigos e opiniões de vários stakeholders ligados aos festivais de música a criticar a forma como o público hoje vê os concertos. Controvérsias que vão subindo de tom, que parecem afastar artista e público durante um concerto mas que do mesmo modo ambos sabem que necessitam de todo o tipo de publicidade para conseguirem sobressair e continuar a ter visibilidade que garante dividendos futuros - o público que necessita de se afirmar na sociedade enquanto ser social (passe a redundância) e o artista que necessita de potenciar o seu trabalho.

Créditos: Sónia Costa

Jack White, comentou recentemente que se o público não devolve a energia que o mesmo dá, só estará a desperdiçar tempo e que não faz sentido gastar dinheiro na aquisição de bilhetes, quando depois não aproveita toda a experiência do concerto.


A experiência da "música o vivo" desvalorizou-se e hoje perdeu-se a importância de se estar num determinado momento único, até porque este é cada vez mais partilhado, não existe entropia que leva a um compromisso entre público e artistas. É assim a nossa sociedade atual.


Nos dias de hoje, as bandas têm dificuldade em surpreender, pois todos sabem as setlists antes do "concerto esperado" e todos sabem como decorre um espetáculo, o que poderá baixar os valores desta indústria e também desvalorizar o processo artístico num curto prazo. Nos festivais de música, assiste-se a uma otimização de custos das bandas que deixam para os seus espetáculos próprios toda a "imagem e luz", deixando para os festivais, atuações mais formatadas e menos entusiásticas, como resultado.


Os festivais de música são aliás o paradigma de como hoje vemos e queremos ter música. Cada vez nos são dadas mais soluções em simultâneo, existem mais pontos de "distração" o que faz com que ser purista e assistir a um concerto de inicio ao fim seja difícil. Quem ouve hoje um álbum de inicio ao fim? Hoje preferimos ver um determinado concerto porque determinado amigou, opinion maker ou jornalista nos indicou à última da hora, pois não conseguimos acompanhar tudo, perdendo-nos nas redes sociais ou na internet porque tudo é mais efémero.


Do mesmo modo, todos estarem "unidos" a ouvir e celebrar um concerto é muito mais complexo, porque alguém já viu este concerto, já sabe o que vem a seguir, ou trouxe até um conjunto de cervejas do bar e fica de costas para o mesmo concerto, excepção feita quando tira uma foto e a partilha com o mundo.


De qualquer forma, não deverá ser perdida esta experiência porque não existe outra forma de se assistir a arte como a de um concerto. Cinema, teatro, exposições exigem-nos silêncios, os concertos pedem socialização, partilha de pares e alegria única.




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