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Covid-19 vs. Festivais de Música. Qual o real impacto para 2020 e 2021?

A realidade presente devido ao vírus Covid-19 traz e traduzirá um impacto negativo de grande dimensão para toda a indústria cultural. No passado ano existiram 287 festivais de música, já um decréscimo em relação ao ano anterior. Em 2020 o número será muito diferente, uma vez que desde março que todos os festivais estão a ser cancelados ou adiados, e até mesmo as digressões internacionais de artistas estão de igual forma a ser afetadas.


Quanto maior a dimensão e estrutura de um festival maior a sua dificuldade na sua concretização, pois está mais dependentes de terceiros e questões internacionais.


Toda a indústria está em stand-by, e segundo o jornal New Tork Times, a crise que se avizinha não afetará apenas músicos, agentes e promotores, mas sim todos os que trabalham nesta área, nomeadamente equipas de som, luz, merchandising, streetfood ou até as marcas que se ativam nos festivais, ninguém ficará indiferente. De igual forma, a programação de espaços culturais privados ou teatros municipais (Porto, Lisboa e Braga, entre outras cidades), foi suspensa. O que é facto é que a cultura está a a ser adiada, e até quando? Ninguém sabe.


Segundo a Blitz, nos Estados Unidos, onde a época dos grandes festivais começa anualmente mais cedo do que na Europa, já é possível ter uma noção do impacto financeiro que o cancelamento de grandes eventos como o South by Southwest, no Texas, ou o Coachella, que habitualmente se realiza em abril, e que foi adiado para outubro, deverá causar. No caso do South by Southwest estima-se que as perdas excedam os 300 milhões de euros. Embora tivesse seguro para intempéries e outros imprevistos, o festival de Austin não se encontrava protegido para este tipo de surto. Na sequência do cancelamento, a organização do South by Southwest teve de despedir um terço dos seus funcionários. Também no caso de Coachella, adiado para outubro, não é certo que, nessa altura, o festival consiga manter o cartaz que anunciara para abril (em 2018, foi transmitido em direto na net e visto por 41 milhões de pessoas, em mais de 200 países. Este ano, o adiamento deverá ter causado um prejuízo de quase 900 mil euros) e o mesmo ocorrerá com cada festival em Portugal que é agora adiado (e.g. Nos Primavera Sound, Id no Limits, Rock in Rio) onde as produções dificilmente se replicarão e potenciarão.


Créditos fotografia: João Azevedo (NOS Primavera Sound 2019)

A anulação de um festival desta dimensão, em qualquer parte do mundo, tem obviamente um impacto significativo nas economias locais e no turismo de eventos, uma vez que muitos espectadores viajam para certa região ou país com o intuito de ver determinado concerto ou festival, chegando a pedir e ajustar as férias perante as suas entidades empregadoras para esse efeito. Mesmo que a situação melhore e a pandemia estagne, e nem todos os eventos venham a ser cancelados, a ansiedade entre os espectadores fará com que muitos fiquem praticamente sem público e esta consequência será maior e mais penosa - trazer a confiança novamente do público!


O ano de 2020 é já um caos, e as repercussões para 2021 poderão não se apresentar muito melhores, existirá uma seleção natural dos players desta área e isso implicará muito tempo para se recuperar a curva de crescimento que o país estava a ter na área dos festivais desde 2012 (ano que iniciámos a recolha de dados estatísticos da área). Os festivais cancelados este ano não conseguirão ter receita nem recuperar o investimento já efetuado para aplicar no ano seguinte. Em Portugal, o Covid-19 levou ao reagendamento do Talkfest e gala dos Iberian Festival Awards - o evento realizar-se-á em Outubro ao invés de Março (organizado pela APORFEST), e ao cancelamento de festivais como por exemplo o Tremor, SWR Barroselas Metalfest, Festival Med, FMM Sines e ao adiamento de muitos outros - ver contador de festivais na página inicial do nosso website.


Ao longo deste mês os profissionais mobilizaram-se como nunca e tentam alcançar soluções e novas alternativas diariamente para a Cultura estar acessível a todos, mesmo em casa, mas tal nunca vai substituir a experiência de ter eventos e entretenimento ao vivo. Cabe às entidades públicas locais e centrais redefinir estratégias (e.g. um lay-off, linha de crédito não são soluções do imediato) pois esta é a única forma que dispõem de ressarcir o público de todos os outros sacrifícios e impostos anuais, é esta muitas vezes a forma de comunicar com estes (através de festivais, festividades, concertos...) e que agora deixou de existir. Toda este ecossistema está parado, apresentará problemas que demorarão muito tempo a sarar mas sairá deste ponto mais forte, unido e competitivo.


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